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Ciclo de Vida dos Edifícios

Desde o projeto, passando pela construção, até ao seu desmantelamento, o edifício, tal como um organismo vivo, nasce e morre. Seria no entanto preferível que esta obra do homem também pudesse seguir a regra dos 3R’s: reduzir, reutilizar e reciclar. Assim, mais do que uma análise económica, a observação do Ciclo de Vida de um Edifício é um balanço de custos e recursos ecológicos, sociais, humanos e energéticos.

A Avaliação do Impacte Ambiental (AIA) de uma construção e a sua Análise do Ciclo de Vida (ACV) estão interligadas, já que a AIA é um inventário analítico dos fluxos (consumos e emissões) de energia e matéria (inputs eoutputs de serviços e características de conforto) ao longo do Ciclo de Vida do Edifício.
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Fonte: Peuportier

A AIA serve-se de ferramentas científicas bastante elaboradas para o seu cálculo, pois são muitos os intervenientes no empreendimento de um Edifício.

/Observemos as diversas fases desta complexa avaliação:

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Podemos, então, falar de AIA a nível local (região, biótopo – urbe, paisagem), do edifício (consumos, emissões, energia incorporada, qualidade do ar interior, eficiência no desempenho) e do projecto (antecipação e flexibilidade funcional, et altre), p. e. 
Por outro lado, podemos falar de ACV de produtos e serviços (energia, infra-estruturas, construção, cidades).

O edifício deixa uma pegada ecológica desde a extracção dos seus materiais, à reciclagem dos mesmos ou até à reciclagem dos elementos e componentes construtivos (portas, vidros, …). A construção de cidades e edifícios podem ajudar a regular a poluição e o impacto ambiental como o efeito de estufa, a depredação de recursos naturais, o smog (nevoeiro), a acidificação, a eutroficação, a radiação e em geral as emissões poluentes. Cabe ao projectista, ao construtor, ao dono de obra e aos utentes do edifício que diminuam os seus impactos. 

Analisemos, primeiramente, o seu Ciclo de Vida:

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Atentemos às boas práticas ao longo do seu Ciclo de Vida:

Durante a fase de Projecto, além de todas as considerações com o contexto do lugar (clima, topologia, ecologia, cultura, história, etc.), quando o projectista considera o layout, i.e., a organização funcional, formal e tipológica do edifício, deve antecipar possíveis modificações com vista a uma reutilização ou ampliação e pensar a longo prazo. Assim, seria favorável se a grelha estrutural fosse simples e que os serviços fossem estrategicamente distribuídos de modo a que o restante espaço possa ser o mais flexível possível. Deve também ser ponderada uma boa acessibilidade a reparações, manutenção ou remoção de elementos. Ainda a serem pesados são o risco, segurança e impactos na especificação de materiais e técnicas de construção. 

Durante a construção, devem ser tidos em conta a energia incorporada e os impactos ambientais dos métodos e técnicas de construção e dos materiais utilizados. Deve ser favorecido o uso de elementos pré-fabricados (de preferência estandardizados) e/ou desmontáveis e, ainda, evitar a inter-penetração de materiais e elementos, adoptar juntas secas, e também usar componentes e materiais duráveis, ecológicos e recicláveis. Deve ser levada a cabo a reciclagem de desperdícios e outros poluentes de obra.

A certificação vem viabilizar a utilização do edifício, monitorizando a sua eficiência energética (performance térmica e de climatização) e ainda a qualidade do ar interior. Para facilitar a uso eficiente do edifício, dever-se-ia idoneamente facultar um guia de utilização na sua recepção, onde se indicaria o uso adequado de equipamentos, energia e recursos e ainda alertar para a diminuição de emissões poluentes da água, solo e ar. Ainda, durante a utilização, a manutenção e a reparação devem ser mínimas, e a limpeza deve ser feita com materiais ecológicos e de baixo impacte ambiental.

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Ari Ilomäki - Design includes service life planning

No caso de reutilização esta só será viável se o edifício tiver sido projectado para ser flexível e adaptável. Se o edifício for considerado obsoleto, é levado a cabo o seu desmantelamento, em que é assegurada a separação e reciclagem de materiais, componentes e restantes desperdícios, sendo aqui evidente o risco de materiais e elementos compósitos.

No Ciclo de Vida de um Edifício Sustentável, tenta-se diminuir o seu impacte ambiental e energia incorporada desde a escolha de materiais e técnicas de construção até à sua reciclagem, sendo deste modo preferido um processo ‘cradle to cradle’, ou seja um processo fechado e interminável quanto possa, do que um ‘cradle to grave’.

É impressionante como poderíamos infinitamente esboçar ciclos de vida, aplicando as regras da ecologia, desde a escala dos materiais e componentes, passando por equipamentos e construções, até às urbes e o próprio planeta.
Você sabia?

A construção absorve 50% dos recursos materiais, sendo destes 45% da energia, 40% água, 60% do solo e 70% da madeira mundiais?

Os edifícios com critérios sustentáveis reduzem 40% do consumo de água, propagação e emissão de resíduos e extracção de materiais naturais?

Os edifícios sustentáveis reduzem 40% a 50% das emissões de CO2?

Os urbanistas despendem 80% do seu tempo dentro de edifícios trabalhando, convivendo, vivendo…?
Fonte: Quercus

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