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Copenhagen – a cidade das bicicletas

Publicado em  por Nati

Como a capital dinamarquesa se tornou referência mundial quando o assunto é utilizar bicicletas como meio de tranporte
“Isso não é Copenhagen não, é uma projeção em 3D do google”, brincou uma amiga, quando víamos juntas essa imagem abaixo.
imagem do Google Street View de Copenhagen
Faltavam dois dias para minha viagem à capital dinamarquesa, primeira parada do Cidades para Pessoas, e fomos juntas “passear pela cidade” no Google Street View. Nós duas estávamos acostumadas a pedalar em São Paulo e parecia de mentira aquela cidade cheia de ciclovias e com quase nenhum trânsito. A expectativa para conhecer Copenhagen e experimentar pedalar por lá só aumentou.
Assim que cheguei ao aeroporto, a primeira surpresa: não havia um estacionamento de carros. É tão fácil chegar ao aeroporto de trem ou ônibus e ele fica tão próximo do centro da cidade (10 quilômetros) que simplesmente não compensa ir para lá de carro. Assim que passei pelas portas automáticas de vidro, o estacionamento que havia era esse:
estacionamento de bicicletas no aeroporto Kastrup, em Copenhagen
Também não demorei a descobrir que as bicicletas são o único transporte público gratuito da capital dinamarquesa. Há vários pontos de bicicletas públicas espalhados pela cidade: você pode retirar uma delas, usar até onde quiser e devolver em outro ponto. É parecido com os sistemas adotados em Paris, Barcelona e Londres, com a vantagem de que não é preciso fazer nenhum tipo de cadastro, ter cartão de crédito, ser habitante da cidade ou deixar um cheque caução. Tudo o que você precisa é de uma moeda de 20 kronos (que vale R$ 6) inserida no cadeado da bicicleta e ela está livre para usar. Ao devolvê-la em outro ponto, você recebe sua moeda de volta. Sim, há problemas de vandalismo. O chefe do departamento de bicicletas da prefeitura, Andreas Røhl, estima que 15% delas sejam depredadas e precisem ser consertadas todo mês. Ainda assim, o serviço continua sendo gratuito – e é usado principalmente por turistas, já que 95% dos moradores da cidade possuem bicicleta própria.
 
A reporter que vos fala, depois de experimentar as bicicletas públicas
  
              ponto de aluguel de bicicletas                  cadeado das bicicletas, que é aberto com uma moeda de 30 kronos
Cycle Chic
Antes mesmo de pesquisar dados sobre o uso diário de bicicletas pela cidade, uma olhada pelas principais avenidas já mostra que esse é o meio de transporte mais utilizado por lá.
Copenhagen, aliás, inaugurou o movimento mundial Cycle Chic – de gente que pedala arrumadinha. A ideia é: “esse é o meu meio de transporte, então vou utilizá-lo com minha roupa de trabalho mesmo”. Daí que mulheres com vestidos e saltos enormes e homens de terno e gravata pedalam em direção ao escritório todos os dias. Inclusive quem trabalha na sede prefeitura, que fica em um prédio antigo bem no centro da cidade. Na área externa do prédio fica esse estacionamento de carros:
estacionamento de carros na prefeitura de Copenhagen
E, na área interna, esses dois estacionamentos de bicicleta:
estacionamento de bicicletas da prefeitura de Copenhagen
segundo estacionamento de bicicletas da prefeitura de Copenhagen
Dados
Depois dessa experiência prática, fui à teoria: pesquisei os dados da divisão modal na cidade. A prefeitura de Copenhagen apura dois tipos de dados: a divisão modal do total de viagens e a divisão modal das viagens do dia-a-dia, feitas para a escola e para o trabalho. Nesse segundo grupo, das viagens do dia-a-dia, ainda há uma subdivisão entre os moradores do centro expandido da cidade e os moradores de toda a região metropolitana da capital dinamaquesa. Você pode ver essa divisão no mapa abaixo.
cidade de Copenhagen
As regiões identificadas como City Center, Amalienborg Nyhavn e Christianshavn compreendem o que a prefeitura considera como centro expandido e, juntas, possuem uma população de 50 mil pessoas. A região metropolitana compreende todos os bairros assinalados e possui um total te 550 mil habitantes, em uma área de 88.25 km2. É uma cidade bem pequena (tem a mesma população que os bairros paulistanos Pinheiros e Lapa somados).
Viagens do dia-a-dia
Considerando a população do centro da cidade, a divisão modal é a seguinte:
viagens do dia-a-dia de população do centro expandido
Agora, se a população total de toda a região metropolitana de Copenhagen for considerada, a divisão passa a ser essa:
viagens do dia-a-dia e toda Copenhagen

Por fim, considerando todas as viagens feitas e a população total da região metropolitana, temos esse terceiro gráfico:
total de viagens de toda Copenhagen


Esse é o único caso em a bicicleta não ganha, perde para o carro. Mas é preciso pensar que os carros são muito  utilizados em viagens de fins de semana para fora da cidade, por isso o percentual aumenta tanto. Ainda assim, é fácil de concluir que a bicicleta é o mais importante modal da cidade. E continua sendo mesmo nos meses de inverno, quando 70% dos usuários de bicicleta continuam pedalando.
ciclistas no inverno de Copenhagen
E a prefeitura faz questão de garantir que continue sendo assim. Não só porque as pessoas ficam mais felizes pedalando, mas porque é economicamente melhor para a cidade. Um carro emite poluentes (o que causa danos de saúde pública), gera mais acidentes e precisa de uma manutenção mais cara na infraestrutura. As ciclovias, por outro lado, são mais baratas, atraem mais turistas, fazem com que as pessoas se exercitem e fiquem mais saudáveis e as bicicletas não emitem poluentes – os gastos com saúde pública caem bastante. A prefeitura colocou todas essas variáveis em uma equação e concluiu que, a cada quilômetro pedalado, a cidade GANHA o equivalente a R$ 0,40, enquanto que a cada quilômetro percorrido por um carro, a cidade PERDE R$ 0,20.
A cidade das bicicletas
Preparei esse vídeo que conta a história da relação de Copenhagen com as bicicletas. Agora, para você que está pensando que em uma cidade tão pequena assim é fácil pedalar e que isso jamais poderia acontecer em cidades grandes como as metrópoles brasileiras, recomendo fortemente que assista o vídeo porque eu não só descobri que é possível como me contaram como fazer.

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