O Centre of Excellence in Sustainable Building Technologies and Renewable Energy Conservation (Centro de Excelência em Tecnologias Sustentáveis na Construção e Conservação de Energias Renováveis) em Penticton, Canadá, é um centro de treinamento que visa familiarizar estudantes pós-secundários com os negócios ligados aos edifícios sustentáveis. Com uma área ocupada de 7.000 metros quadrados o projeto é, de longe, o maior entre os atuais concorrentes do Living Building Challenge (LBC).
As restrições do sítio, em conjunto com as exigências do LBC para ventilação e iluminação naturais, obrigou o programa, que inclui salas de aulas e de workshops, escritórios administrativos e espaços estudantis, a ser disposto de maneira linear ao longo de um eixo norte-sul. Para incrementar o desempenho solar passivo e definir os espaços ao ar livre, foram projetadas asas em direção ao Oeste. Devido ao farol de navegação de um aeroporto próximo, a altura do edifício foi limitada a três andares.
Estes fatores coincidiram com a decisão intuitiva da equipe de projeto de construir em madeira, conforme o novo Wood First Act do Building Challenge que requer, onde permitido pelo código, a construção em madeira de todos os edifícios públicos. O projeto utiliza a madeira das árvores destruídas pelo besouro do pinheiro, colhida nas montanhas locais, que a equipe de projeto com sucesso argumentou que estava em acordo com a definição do LBC de “material salvado”. Esse tipo de madeira carrega os benefícios do carbono armazenado que contribui para a neutralidade de carbono necessária ao projeto.
Com esta limitação inicial, satisfazer as condições recomendadas pelo LBC quanto ao uso de materiais foi um desafio. A busca por materiais permissíveis oferecidos nesta região da América do Norte, aumentou o desafio. A distância desta região, e de várias outras no Canadá, do cinturão fabril no litoral oriental, ilustra a limitação de escolhas disponíveis para a equipe de projeto. Por exemplo, com o PVC entre os materiais incluídos na lista negra, exceto onde requerido pelo próprio código, foi necessário ir além de Quebec para obter condutos de fibra de vidro para os cabos elétricos.
Apesar de todos os desafios o projeto avança rapidamente. O sucesso deve ser creditado a todos os que abraçaram o conceito entusiasticamente, demonstrando grande abertura à inovação e vontade de tomar parte em um processo de projeto iterativo e dinâmico. A agenda apertada, combinado às pobres condições de solo, forneceu um primeiro teste neste sentido.
Sem tempo para a pré-compactação habitual do sítio, a equipe de projeto decidiu desfazer-se de 600 mm de solo e misturá-lo ao nivel adjacente. Isto expôs uma superfície em condições de aceitar uma placa sem nova compactação, e limitou a necessidade de colunas ao perímetro das vigas que apoiam a estrutura de madeira relativamente leve.
O salto de escala não foi fácil neste contexto, mas algumas sinergias foram alcançadas com edifícios adjacentes e com a infraestrutura municipal existente. A energia é fornecida por placas fotovoltaicas e é destinada para alcançar uma situação de balanço líquido zero dentro de uma base anual. A energia extra gerada no verão será fornecida para outros edifícios do campus universitário. As placas fotovoltaicas são tanto autônomas quanto integradas ao edifício, atendendo a um desejo do cliente que busca flexibilidade futura em um sistema do tipo “plug and play”.
O sistema municipal de tratamento de água de Penticton foi recentemente convertido em um processo livre de produtos químicos. Isto permitiu ao projeto ter um balanço líquido no processo de troca de águas cinzas e negras, com o calor de rejeito recuperado para uso no edifício.
O projeto usa um sistema de aquecimento de piso radiante em todas as áreas, exceto no ginásio de esportes onde isto não foi possível por causa da exigência por um piso de madeira do tipo sprung. Por isto, ao contrário do que proporia um projeto tradicionalmente concebido, resultando em uma alternativa menos eficiente dos sistemas de aquecimento e resfriamento, a equipe integrada de projeto apresentou uma solução inovadora. Os engenheiros estruturais criaram, para as paredes, um sistema composto por paineis tipo sanduíche no interior dos quais são inseridos os tubos radiantes. Para ganhar leveza, o resto do painel é construído em madeira com costelas glulam, por onde flui a ventilação, e madeira compensada para o revestimento.
Para assegurar a eficiência do sistema de ventilação por deslocamento (displacement ventilation system), foram evitados escritórios celulares. Em vez disso, seis escritórios foram configurados em um plano modular aberto, acompanhando o planejamento das salas de aula. Isto oferecerá máxima flexibilidade futura com custos reduzidos.
Em geral o Centro pode ser visto como um agente de mudanças. A documentação do processo e a disseminação da informação o transformará em um instrumento educativo com um impacto que se estende além dos investidores envolvidos e dos estudantes para quem foi diretamente projetado.
O projeto de arquitetura foi do CEI Architecture Planning Interiors
Fonte: E/A Engenharia & Arquitetura
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