Pular para o conteúdo principal

Retrofit é alternativa para eficiência energética


retrofit1
O retrofit com foco na eficiência energética é atividade crescente no Brasil. Cada vez mais olhos são abertos para os benefícios trazidos. Benefícios que normalmente compensam os altos gastos envolvidos no processo.

Para que se tenha êxito no retrofit, algumas etapas indispensáveis devem ser seguidas. Segundo o engenheiro civil Luiz Henrique Ferreira, da Inovatech Engenharia, consultoria especializada em construção sustentável, o primeiro passo para um projeto de retrofit é a realização de um diagnóstico. Neste diagnóstico, deve ser avaliada a qualidade intrínseca do edifício (como ele foi projetado e construído) e a qualidade ambiental das práticas, que é a maneira pela qual os usuários se relacionam com o edifício, observando suas principais rotinas, e como é a interface do edifício com seus usuários. Nesta etapa, alerta Ferreira, é importante que se tenha a maior quantidade possível de informações e dados do edifício. “Isso nem sempre é fácil, pois ainda temos uma cultura de praticamente não gerarmos e mantermos registros de tudo o que aconteceu na fase de obras e operação do edifício”, diz.
Depois de levantadas as necessidades do cliente, são verificadas as condições da edificação em termos de insolação, ventilação, desempenho dos materiais com relação às cargas térmicas, equipamentos existentes, acústica, etc. “Realizamos simulações com softwares específicos em paralelo às intervenções propostas de arquitetura para verificação de desempenho e chegamos a um desenho final que responde aos quesitos necessários nos parâmetros necessários”, explica a arquiteta Marcia Mikai Junqueira de Oliveira, diretora da Pentagrama Projetos em Sustentabilidade e Conselheira Fiscal do CBCS (Conselho Brasileiro de Construção Sustentável)
A arquiteta Monica Dolce, mestranda do Programa de Pós-Graduação da FAUUSP na área de conforto ambiental, também destaca os estudos de desempenho térmico, luminoso, acústico e dos materiais. “Estes estudos são importantes, pois qualitativamente é de conhecimento comum o que funciona e o que não funciona para o desempenho ambiental, como por exemplo, não é recomendado voltar janelas de ambientes de longa permanência para a orientação Sul, porém, quantitativamente estes estudos raramente são elaborados”, diz. “Soma-se a estes itens a interação da construção e seus ocupantes, estes últimos são os responsáveis pelo ‘controle’ de cada estratégia pensada para o projeto, portanto, peças fundamentais para o bom funcionamento do edifício”, acrescenta.


Soluções
Iluminação e climatização
Abertura de vãos de janela aumentam a ventilação e a iluminação
Abertura de vãos de janela aumentam a ventilação e a iluminação
A respeito das soluções de retrofit em sistemas de iluminação, Henrique Ferreira afirma que o ideal é que se tenha o levantamento exato do coeficiente de uniformidade da iluminação necessário, do fator de luz diurna e da intensidade mínima de iluminação para cada um dos ambientes do edifício. “Estes parâmetros são importantes para que se possa determinar a melhor solução para cada caso específico, mas normalmente as soluções para iluminação passam por conjuntos de lâmpadas e luminárias mais eficientes, melhoria da distribuição de circuitos, automação de sistemas de iluminação e utilização de dispositivos para melhorar a iluminação natural”, afirma.
No caso dos sistemas de ar condicionado, o engenheiro explica que também devem ser determinados parâmetros de dimensionamento adequados ao novo uso, como velocidade do fluxo de ar, controles de temperatura dos ambientes, qualidade sanitária do ar, ruído dos equipamentos/ar insulflado, entre outros. “As principais soluções para o ar condicionado normalmente recaem sobre equipamentos mais eficientes e setorização de temperaturas por ambiente, pois a maioria dos sistemas de ar condicionado antigos não possui uma setorização e acabam gastando muita energia por conta disso. Existem soluções de instalação de inversores de frequência nos motores, substituição de sistemas a água gelada por sistemas com etileno-glicol ou ar, porém, cada solução depende de um estudo específico”, resume.
Para Monica Dolce, no caso de Iluminação, as aberturas existentes também favorecem as necessidades de iluminação de uma residência. Segundo a arquiteta, estudos elaborados para edifícios construídos na cidade de São Paulo demonstram que a maioria dos cômodos, desde que não profundos, recebe iluminação natural satisfatória nos horários entre 9h e 15h em todas as orientações e todas as estações, não sendo
Reforma de telhado, antes e depois: telhas translúcidas e ventilação permanente. Divulgação Pentagrama
Reforma de telhado, antes e depois: telhas translúcidas e ventilação permanente. Divulgação Pentagrama
necessária a complementação por iluminação artificial. “No caso dos horários noturnos, são indicados, além da utilização de lâmpadas eficientes, a implantação de sistemas economizadores de energia, como detectores de presença para as áreas comuns”, diz. “É importante, portanto, que numa proposta de retrofit os pontos fortes da arquitetura existente sejam valorizados e mantidos, isto, é, no caso de necessidade de substituição de esquadrias, que sejam mantidas as metragens existentes de abertura, iluminação e verificada a infiltração de ar”, acrescenta.
Marcia Mikai cita um caso recente. Ela conta que está na fase de finalização da obra de um projeto de retrofit de um galpão onde funcionará uma empresa relacionada à aviação. O galpão possuía cobertura de telhas de cimento amianto e aberturas para iluminação e ventilação em apenas uma das laterais. A arquiteta relata que o desenvolvimento do projeto junto com as simulações gerou uma solução de cobertura com lanternim, telhas translúcidas (para dar entrada de iluminação natural) e ventilação permanente com brises perfurados. “As aberturas laterais foram mantidas, porém, os caixilhos foram trocados para dar equivalência de entrada e saída de ar pelo efeito chaminé”, diz.
As telhas foram trocadas por telhas metálicas simples com forro tipo manta para reduzir o impacto de acústica em épocas de chuva. “Essa solução vai garantir renovação de ar constante e não serão necessários equipamentos de condicionamento de ar. As soluções de iluminação natural também vão reduzir o consumo de gastos de energia em iluminação artificial, que foi concebida com foco em eficiência energética”, esclarece.


Ventilação natural
Além de soluções mais radicais como a abertura de vãos de janela para aumentar a ventilação e iluminação, existem soluções específicas para iluminação natural, como as bandejas de luz próximas às janelas e dutos de luz, que são tubos flexíveis revestidos com material refletivo que direcionam a luz natural para locais onde não é possível a chegada de luz natural. É o que afirma Henrique Ferreira.
No caso de ventilação natural, as intervenções poderiam ocorrer com a execução de novas aberturas estrategicamente posicionadas ou através da otimização de sistemas de ventilação existentes, com eventual instalação de dispositivos do tipo ‘venturi’ que otimizam o fluxo de ventilação natural. “Uma outra alternativa para melhoria de conforto térmico pode ser a aplicação de  tecnologia de resfriamento evaporativo, que consiste na inserção de pequenas gotículas de água no ambiente a ser ventilado, porém esta solução depende das condições climáticas do local”, diz.
Para edifícios residenciais a melhor estratégia, de acordo com Monica, é a adoção de janelas que ocupem grande parte da extensão da fachada, já que este tipo de abertura faz com que a ventilação e iluminação sejam mais bem distribuídas, tanto no ambiente como na unidade habitacional como um todo. “As aberturas não somente devem possuir área envidraçada, como também área de ventilação maior que 50% da área do vão. Alguns tipos de caixilhos utilizados antigamente possuíam boas aberturas, como as janelas com duas venezianas com abertura para fora, que proporcionavam vão-luz e de ventilação de 100% do vão do caixilho”, diz.

Ela também indica, quando possível, a ventilação cruzada, que seria uma boa estratégia para a retirada de calor dos ambientes. “Isto pode ser conseguido através de duas aberturas no ambiente e aberturas nas áreas de circulação interna as unidades, por exemplo”, explica. “Além disso, grande parte do estoque construído permite o aproveitamento da ventilação e iluminação natural nas áreas comuns, através, por exemplo, de elementos vazados”, completa.

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Casas Sustentáveis

Diversos modelos e ideias ou projetos de casas sustentáveis bem legais! Divirta-se e apreciem os modelos sem moderação! Captação de água e circulação de ar que mantém a temperatura agradável.  Ideias para aplicar em casas já construídas! Telhado verde! Tendência e obrigatoriedade em alguns países! Este modelo apresenta novas tecnologias! Lâmpadas com energia eólica! Captação de água e armazenamento. Fonte: Bioconservation

Aprenda a produzir gás metano em casa com um Biodigestor Caseiro

A geração de lixo, felizmente, pode ser uma aliada ao seu bolso e ao meio ambiente. A produção de gás natural é feita a partir do processo anaeróbionatural de decomposição realizado dentro de um biodigestor, o qual produz em especial o gás metano que tem um potencial de agravamento do efeito estufa muito maior do que o CO². Por conta disso, a utilização do metano como combustível -para fogões, por exemplo- passa a se tornar uma alternativa mais limpa, pois a partir desse processo você evita que metano seja liberado para a atmosfera naturalmente. Além disso, outro ponto positivo para a adaptação de um biodigestor caseiro é a autonomia gerada pela produção residencial do gás, pois após feito o biodigestor, você não precisará mais se preocupar em comprar gás butano. Já podem ser encontrados vários tipos de biodigestores a venda por um preço não tão elevado, contudo, essas câmaras de decomposição possuem um funcionamento tão simples a ponto de você poder produzir o seu próprio bio

Como Assentar um Piso Drenante?

O piso drenante não é apenas um piso pré moldado em placas de concreto drenante, é na verdade um sistema que engloba os materiais de assentamento formando uma escala granulométrica que drena as águas pluviais para o solo. As placas de piso não podem ser assentadas diretamente sobre a terra, pois a mesma irá entupir os vazios da placa de concreto evitando o correto funcionamento. A placa drenante deve ser assentada em um colchão drenante da seguinte forma de acordo com o manual técnico da Segato Pisos do Brasil: -Espalhar sobre o solo compactado uma camada de brita de aproximadamente 12cm de espessura. -Sobre a camada de brita, espalhar uma camada de Areia de aproximadamente 7cm de espessura. -Fazer colocação das placas usando uma linha de nylon para orientar no alinhamento e nivelamento. -A colocação tem que ser feita de forma que as peças fiquem travadas. Seguindo essas regras, teremos um piso ecologicamente correto podendo participar dos projetos com princípios