Por mais arrojado que seja um projeto de construção sustentável, ele não pode ser avaliado sem os impactos inerentes à sua existência sobre o entorno.
Por André Trigueiro
Do alto do Empire State Building, no parapeito do 101º andar – onde os turistas não têm acesso – o dono do edifício mais alto de Nova Iorque (até que o World Trade Center One fique pronto, em 2013) conseguiu impressionar os meus sentidos pela belíssima vista lá de cima. Mas percebeu – talvez um pouco frustrado – que eu não havia me convencido ainda de que uma caríssima e bem executada reforma (retrofit) tenha sido suficiente para tornar uma edificação de 443 metros de altura “sustentável”.
Anthont Malkin investiu U$13 milhões para tornar o prédio que fez King Kong famoso internacionalmente (ou seria o contrário?) um exemplo de “greenbuilding”. O principal foco foi a redução do consumo de energia elétrica em 40%, o que representa uma economia de U$4,5 milhões por ano na conta de luz. Para alcançar este objetivo, entre outras providências, ele mudou a configuração de todas as 6.514 janelas do arranha-céu para que absorvessem o máximo de luz solar (quanto mais luz natural menor a necessidade de acender luminárias) e refletissem ao mesmo tempo o máximo de calor (reduzindo o consumo de energia para a climatização dos ambientes).
É evidente que iniciativas do gênero são muito bem-vindas e todos os esforços na busca pela redução do desperdício e maior eficiência devem ter visibilidade e incentivo. Assim como merecem aplausos, por exemplo, as políticas públicas para estimular que mais gente use a ótima rede de transporte público sobre trilhos (trens e metrô), em vez do automóvel.
Mas o ponto crucial aqui é considerar os impactos inevitáveis dos arranha-céus na “cidade que não dorme”, é um dos principais destinos turísticos do mundo e ostenta uma das maiores pegadas ecológicas do planeta.
Se é verdade que a aglutinação de escritórios ou residências em um mesmo espaço verticalizado reduz a demanda por novas áreas, onde a pressão pelo uso do solo é enorme, há que se considerar a gigantesca demanda a partir de um mesmo ponto (o do arranha-céu) por água potável, rede de esgoto, energia, gás, redes de comunicação, coleta de lixo e recicláveis e, principalmente, os efeitos dessa intensa movimentação de pessoas (moradores e/ou funcionários) sobre a mobilidade urbana. Em resumo: por mais arrojado que seja um projeto de construção sustentável, ele não pode ser avaliado sem os impactos inerentes à sua existência sobre o entorno.
Nova Iorque registra uma das maiores concentrações de arranha-céus do mundo e a auto-imagem da cidade se confunde com esse “paliteiro” sortido que nos causa forte impressão. Mas a sua contínua verticalização – sempre justificada pelo fato de a cidade estar incrustada em uma ilha e, portanto, espacialmente delimitada – pressagia grandes desafios para os administradores que tenham o real objetivo de proporcionar melhor qualidade de vida aos moradores da “Grande Maçã” no século 21.
Fonte: Mundo Sustentável
Abaixo uma lista de Arranha-Céus embargados, ou que nem sairam do papel, no mundo todo.
A cidade de Dubai, nos Emirados Árabes, lidera a relação com três prédios, seguido de Moscou e Chicago, com dois cada. O design de alguns edifícios impressiona. Será que os engenheiros ficaram com medo de construí-los? Ou a insustentabilidade dos mesmos foi observada?
Chicago Spire (Chicago)
O primeiro da lista pode nem continuar a ser construído. Seu sítio deixou um buraco enorme no centro da cidade americana, com aproximadamente 24 metros de profundidade e 34 metros de comprimento.
O prédio modernista e residencial terá 145 apartamentos comuns e 10 duplex. Já foi elogiado por publicações comoVanity Fair e New York Magazine.
O arranha-céu começou a ser construído em 2008, perto das docas de Dubai. Terá 416 metros de altura.
A construção do projeto das torres que “dançam” começou em 2008 e já foi parada. Ainda não há previsão de retorno.
Waterview Towers (Chicago)
Também situado em Chicago, teve a construção suspensa em 2008. Quando terminado, terá 319 metros de altura e será o terceiro maior prédio residencial do mundo.
O luxuoso prédio em Dubai terá uma espécie de coroa na sua cobertura, com jardim suspenso e spa. Terá mais de 480 metros de altura. Sua construção começou em 2006.
As quatro torres encantam qualquer um com seu design futurista, mas ainda não saíram do papel. A maior terá cerca de 400 metros de altura.
Outro prédio a ser construído na capital russa, continua somente no campo das ideias. Resta saber se sua obra começará.
Seria o maior prédio da Europa, e acomodaria até 30 mil pessoas. Sua construção começou em 2007 e estava prevista para terminar em 2012, mas foi embargada devido à crise econômica mundial.
Sua construção pode começar ainda neste ano. O prédio terá 225 metros de altura e o projeto custará aproximadamente 957 milhões de reais.
A construção do arranha-céu chileno de 300 metros começou em 2006 e terminaria em 2010, mas foi embargada devido à crise econômica mundial.
Não foi divulgado se a torre de 510 metros será construída na Coréia do Sul. Em dezembro de 2000 o terreno da construção apresentou problemas, e até agora nada foi resolvido.
Se tiver a construção terminada, será o terceiro maior prédio na Austrália. O prédio residencial terá 283 metros de altura e 376 apartamentos
O edifício chinês ainda não começou a ser construído. A versão atual do projeto tem 357 metros de altura e 82 andares.
O projeto na Indonésia terá aproximadamente 317 metros de altura e 62 andares.
Fonte dos Projetos: Santa Maria Tem
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