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UM PRODUTO CHEIO DE VIDAS



Decorar a casa com objetos sustentáveis é sinônimo de conscientização e estilos arrojados. Móveis de madeira reaproveitada, tecido de garrafa PET e tinta à base de terra. Artigos como estes já não são mais considerados “coisas de hippies”. “Muitos achavam isso pelo fato do produto ser mais artesanal. Mas hoje as peças são muito bem acabadas”, afirma a arquiteta Maira Del Nero, ao ressaltar que a tecnologia permitiu um design e um acabamento capazes de enganar muitas pessoas sobre a real procedência deste tipo de produto.

Existe uma infinidade de peças sustentáveis, que vão de mesas e cadeiras a enfeites e utensílios domésticos. A madeira está presente em vários destes itens e possui diferentes procedências, todas sustentáveis. A de demolição normalmente é usada para a produção de portas e assoalhos, além de mobiliários. A madeira de manejo é certificada pelo Instituto Brasileiro de Meio Ambiente e Recursos Naturais Renováveis (Ibama) e é originada de árvores brasileiras. “As áreas de manejo são aquelas em que algumas árvores já estão maiores e, por isso, formam uma sombra que impede o crescimento das menores. Por isso estas árvores são podadas, o que faz com que a floresta se renove constantemente”, explica a arquiteta.
Outra madeira certificada é a do selo norte-americano FSC (sigla em inglês para Forest Stewardship Council) e tem desde a extração até a fabricação do produto legalizada. As madeiras de redescobrimento são aquelas de árvores que caíram naturalmente. “O maior uso desta madeira é em peças menores”. Já a madeira de poda urbana é aquela de árvores podadas, depois de todos os trâmites legais necessários.

Outros materiais

Os móveis feitos de bambu também estão em alta. “Há um tempo estes móveis eram feitos por meios totalmente artesanais e, por isso, não tinham muita versatilidade. Hoje, o material é feito por um sistema industrializado, o que permite um design bem arrojado, com curvas”, afirma a arquiteta. O bambu pode ser usado para diversos fins, como pisos, revestimento de parede e poltronas.

Existe também uma infinidade de fibras naturais. “São fibras de bananeira e palha de arroz. É possível formar várias tramas”, explica Maira. Este material pode ser usado em móveis com base de madeira ou metal ou, ainda, fazer todo o produto apenas com a fibra.
Os tecidos também fazem parte da lista dos ecoprodutos. Eles podem ser feitos de algodão orgânico, com tingimento natural e casulos de seda descartados. Até os carpetes estão mais sustentáveis. “Tem carpete feito de carpete reciclado e também com resina vegetal em substituição aos derivados de petróleo”.

Aumento

Para o presidente do Polo Arqdec, André Luís Fernandes, as vendas de madeira certificada tendem a aumentar, apesar do preço dos produtos, que ainda são altos. “As pessoas estão tomando consciência desta realidade e a tendência é de que cada vez mais haja um aumento da oferta em favor da demanda”, diz. Fernandes, cuja formação é em Biologia, acredita que a opção por este produto é um reflexo da conduta pessoal. “Esta questão está muito ligada às minhas raízes e vem de encontro à necessidade do planeta. Quem se preocupa em comprar estes produtos é porque se sente bem e sabe que está colaborando com o meio ambiente”.

O presidente do Polo Arqdec destaca ainda a criatividade ao se optar pela madeira reaproveitada. “Uma madeira que seria queimada como lenha é transformada em um móvel e reutilizada, isso é um ganho para a natureza”, afirma ele. Para Fernandes, o desenvolvimento deste mercado ainda enfrenta algumas barreiras. “A produção envolve um montante considerável de investimentos e, por isso, é mais limitada. Mas, daqui a alguns anos, daremos risada da dificuldade que enfrentávamos para consumir estes produtos”, finaliza.

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