Pular para o conteúdo principal

Mobilizarte incentiva espaços culturais móveis


Frentes_interna
Idealizado pelo curador e consultor de arte francês Marc Pottier, o Concurso Mobilizarte homenageou projetos brasileiros com conceito de espaço cultural móvel. A proposta vencedora, de autoria do escritório Grimshaw-Architects, representado no Brasil pelo arquiteto Paulo de Faria, será executada e deverá começar a circular em 2012. De 2012 a 2016, um módulo Mobilizarte exibirá uma vez ao ano, em 10 cidades brasileiras, uma série de exposições e manifestações ligadas aos grandes eventos do país (Rock in Rio, Copa do Mundo e Jogos Olímpicos).
O objetivo dos organizadores é compensar a frustração daqueles que não terão a chance de participar ou assistir aos eventos. O projeto proporcionará ao maior número possível de brasileiros visitas aos módulos culturais, que terão exposições e projeções de filmes ligadas a estes eventos. A estrutura será de fácil montagem, o que facilitará a mobilidade das exposições e das projeções de filme pelo país. A estrutura será integrada ao espaço exterior e de acesso gratuito para evitar o aspecto intimidante de um museu: uma estrutura de proximidade.

Partido arquitetônico
O concurso propôs a idealização de um espaço cultural móvel de fácil montagem, desmontagem, transporte e manutenção que viajará durante 5 anos a 10 cidades brasileiras: Brasília, Florianópolis, Fortaleza, Ouro Preto, Paraty, Porto Alegre, Recife, Rio de Janeiro, Salvador e São Paulo.
Os candidatos tinham de projetar um espaço modular, adaptável e protegido de intempéries de aproximadamente 500m2 e de altura mínima de 3,50m, de formas livres para receber exposições. O espaço teria de incluir um cinema ao ar livre (tela de projeção e cadeiras ou bancos) de capacidade para 100 a 200 pessoas. Além disso, a proposta deveria incluir ventilação natural e uma área ao ar livre, bem como espaço de bilheteria, loja/livraria e área de acervo técnico e armazenagem geral. Recomendava-se, ainda, desenvolver um projeto ecológico.

Comitê do concurso
Um comitê internacional – dentre arquitetos, designers, jornalistas e curadores – se reuniu para selecionar o projeto vencedor. Integraram o comitê:�
- Irmãos Campana – Designers
- Hervé Chandès – Diretor da Fondation Cartier
- Marcus Fairs – Editor da revista Dezeen
- Didier Fiuza Faustino, artista e arquiteto de Mesarchitecture
- Mathias Schwartz-Clauss – Curador do Vitra Design Museum
- Pedro Serra – Psiquiatra e filósofo
- Paul Thompson – Diretor do Royal College of Arts
- Tunga – Artista
Também fez parte do comitê a equipe Mobilizarte

O concurso teve início a partir de uma lista de 35 designers e arquitetos escolhidos como candidatos.
Veja a seguir os projetos dos três primeiros colocados:

1º lugar: Grimshaw-Architects
A proposta do escritório Grimshaw-Architects, que possui escritórios em Londres, Nova York, Melbourne e Sydney, é inspirada em balões, serpentinas, confetes, que simbolizam as grandes festas que o Brasil sediará (Rock in Rio, Copa do Mundo e Olimpíada).
O projeto se baseia em sistemas construtivos flexíveis que se adaptam a diferentes locais, climas e programas. Está previsto para cada cidade um kit de partes modulares (como Lego). O sistema proposto tem como objetivo dividir a mão de obra em equipes, possibilitando que a construção dos componentes ocorra paralelamente. Estes sistemas podem ser divididos em: subestrutura e jardim/horta, estrutura e cobertura em fibra de vidro, revestimento de forro e luminotécnica arquitetônica, estrutura e fechamento em madeira para paredes e piso, balão e véu para controle climático e clarabóias. Os balões de tecido PTFE funcionam como válvulas de ar condicionado e ventilação natural dentro do pavilhão. A luz natural permeia o espaço através das clarabóias de ETFE.
Em cada cidade, o pavilhão itinerante será preparado através de um programa de engajamento da população local na criação do jardim/horta, que será parte da instalação, e um elemento de conexão da população local com o projeto e os eventos. Cada jardim/horta terá um desenho específico para cada cidade, será criado pela população local e consequentemente uma herança do Mobilizarte quando este tiver ido “irrigar” uma outra localidade.
Grimshaw: projeto inspirado em balões, serpentinas e confetes
Grimshaw: projeto inspirado em balões, serpentinas e confetes
Estrutura e cobertura
Um sistema de colunas e treliças pré-fabricadas formam a base do sistema estrutural da cobertura e o primeiro elemento do Mobilizarte a ser erguido. Uma vez que as colunas e treliças estejam instaladas, a cobertura feita de módulos pré-fabricados de fibra de vidro pode também ser erguida.
Revestimento de forro e luminotécnica
Uma vez que a estrutura da cobertura esteja montada, um tecido translúcido com transmissão de luz controlada é tensionado debaixo das treliças estruturais, criando superfícies onduladas de geometria complexa. Uma sensação de transparência e fluidez desse forro é o que deve contribuir para a materialização do conceito temático da nuvem (o projeto é comparado a uma nuvem, por sua mobilidade e mudança de forma). A iluminação no pavilhão também é dividida em duas soluções: a iluminação geral e arquitetônica enfatiza os elementos arquitetônicos e a iluminação geral do espaço; a iluminação específica para as exposições é incorporada às paredes provenientes do piso.
grimshaw2

Estrutura e fechamento para paredes e piso
Mais uma vez o conceito de estrutura modular e flexível é base deste sistema construtivo. Módulos pré-fabricados em madeira certificada podem ser arranjados de várias maneiras e a sua instalação também pode ser feita por mão de obra local, supervisionada por membros do time de projeto. O fechamento externo é obtido por caibros horizontais de madeira tratada para uso externo, e o fechamento interno em madeira é em compensado com pintura epóxi (branco).

 2º lugar: RUA Arquitetos
croqui_Oca Moblizarte
A Oca Mobilizarte, denominação dada pelos arquitetos Pedro Évora e Pedro Rivera, é um sistema de montagem de partes capaz de compor diferentes formas, em diferentes tamanhos. O projeto se situa como uma estrutura-pavilhão temporária capaz de acomodar diversos usos, ao mesmo tempo em que intervém diretamente na forma como as pessoas percebem o espaço da cidade onde ele é instalado.
A proposta da estrutura aposta em uma capacidade radical de relacionamento com o patrimônio das cidades que visitará, de modo a ser possível estabelecer um contato muito próximo com seu dia a dia. Ao se instalar em uma importante praça, ao abraçar uma estátua ou um tangenciar um símbolo, a Oca Mobilizarte desempenhará como uma metalinguagem da sua presença se situando entre um espaço de abrigo de cultura e a ação de arte em si. É esperado que o projeto sofra mudanças de escala, forma e até de superfície de acordo com o lugar que for se implantar. Painéis de sombreamento da lona, funcionando como treliças ou brises, serão confeccionados por grupos escolhidos na comunidade local e serão fixados à estrutura externa, fazendo assim com que a Oca possua como uma pele reativa ao lugar aonde chega, mudando sempre seu aspecto exterior.

Como uma teia, um tecido, um iglu, a estrutura é erigida por camadas, em um movimento espiral ascendente
Como uma teia, um tecido, um iglu, a estrutura é erigida por camadas, em um movimento espiral ascendente
Como os ninhos das aves e a oca indígena, a estrutura deste projeto é composta de linhas. A partir das estruturas tubulares metálicas tão presentes na paisagem das cidades, desenvolveu-se um repertório capaz de produzir espacialidades diferentes a partir de elementos simples, que podem ser alugados, obedecendo a mesma lógica dos eventos.
Painéis de sombreamento da lona, funcionando como treliças ou brises, serão confeccionados por grupos escolhidos na comunidade local e serão fixados à estrutura externa
Painéis de sombreamento da lona, funcionando como treliças ou brises, serão 
confeccionados por grupos escolhidos na comunidade local e serão fixados à 
estrutura externa
Como uma teia, um tecido, um iglu, a estrutura é erigida por camadas, em um movimento espiral ascendente, de modo a tornar sua montagem parte atraente do processo de implantação nas cidades que visitará.
Durante o dia, o espaço é caracterizado pela claridade que atravessa a lona branca da sua cobertura e por de sombras que são projetadas pelas treliças externas nesta lona semi-opaca. À noite, a claridade do dia dá lugar a centenas de pequenos pontos de luz situados nos nós da estrutura metálica em lâmpadas LED policromaticas.
O percurso no espaço está condicionado ao desenho de cada exposição através dos painéis modulares. Os acessos acompanham o uso interno pretendido em cada evento, podendo estar direcionados através de uma ou múltiplas entradas, uma vez que todos os vãos da estrutura são fechados por painéis de madeira retráteis.
A montagem do pavilhão duraria cerca de 15 dias e seguiria 3 etapas de montagem a seguir:
1. Marcação no terreno; Colocação das Chapas metálicas para fixação das bases; fixação dos 06 arcos guia e sustentação do aro superior; início da colocação das hastes metálicas ascendentes; fixação das hastes metálicas no arco superior e travamento da estrutura; retirada dos arcos guia; colocação das peças de acabamento da clarabóia.
2. Colocação dos gomos de lona cristal ascendentes; colocação dos gomos de lona branca; fixação da lona de cobertura da clarabóia no anel superior; fixação dos painéis treliçados ascendentes.
3. Instalação do quadro de luz; instalação dos circuitos para cabeamento; composição dos circuitos com os terminais LED; fixação dos circuitos em cada gomo espiral até o aro superior; fixação das bases para montagem da estrutura metálica de encaixe dos painéis internos; fixação dos painéis de madeira nesta estrutura. Acabamentos gerais. A desmontagem da estrutura principal da Oca Mobilizarte é prevista para acontecer em até uma semana.

3º lugar: FRENTES
Frentes: membrana inspirada em dois elementos tradicionais brasileiros que servem para cobrir e proteger, que são as colchas de crochê, de rendas ou de retalhos
Frentes: membrana inspirada em dois elementos tradicionais brasileiros que servem 
para cobrir e proteger, que são as colchas de crochê, de rendas ou de retalhos
Autores do projeto do Museu da Tolerância, a ser erguido na USP, os arquitetos José Alves e Juliana Corradini criaram um espaço cultural móvel baseado em três elementos:
Balizas
Um conjunto de torres de andaimes, leves estruturas autônomas provisórias, de fácil montagem, muito estáveis e adaptáveis a qualquer tipo de terreno. Montadas com alturas variadas de até 10 m, sua função será delimitar os espaços fechados, estruturar os pisos e rampas e ancorar a cobertura. Terão suas posições definidas de acordo com o local escolhido para ser montado.

Prisma
Com 15m de altura, construído com andaimes, constituído de quatro pavimentos cujos pisos apóiam-se sobre vigas infláveis e envolto em lona plástica resistente e impermeável, além de ser a referência vertical da intervenção, transformando os espaços conforme a posição que ocupar, como um grande biombo, tem a função de abrigar áreas de acervo técnico e armazenagem geral além de servir de tela de projeção para o cinema. Neste monolito branco, pode-se projetar dois filmes simultaneamente em cada uma de suas principais faces. Isolado ou junto, desterritorializado ou telúrico, nômade ou vinculado, dependente ou autônomo, fixo ou dinâmico, mas sempre resoluto, este prisma poderá ser montado fora ou dentro, longe ou perto do Módulo, compondo conjuntos diferentes, heterogêneos, mas cujo todo manterá o mesmo caráter.

Membrana
Inspirada em dois elementos tradicionais brasileiros que servem para cobrir e proteger, que são as colchas de crochê, de rendas ou de retalhos, bem como os elementos vazados (cobogós), material de construção muito utilizado nas fachadas de nossos edifícios, criamos o traço conceitual principal deste Módulo Mobilizarte: uma imensa membrana Inflável, configurando os espaços internos e externos através de seus movimentos ondulantes, negando fixar-se no espaço e aspirando ser mutante. Sua função primordial é cobrir e proteger das intempéries. Inclinada, tombada, pendurada, deitada, esticada, esvoaçada e languidamente esparramada, durante o dia esta superfície de “pano inflável” sombreará o espaço, à noite, se transformará numa fonte de iluminação, imenso corpo flutuante pairando sobre o solo. Seu ritmo espacial criará impactantes perspectivas tanto para quem a vê de longe quanto para quem está dentro dela.
 

Espaço foi projetado para ser montado em 10 dias
Espaço foi projetado para ser montado em 10 dias
Adaptando-se ao contexto espacial de cada lugar, este Módulo Mobilizarte poderá ser instalado como um espaço independente em terrenos planos ou inclinados, incorporar-se a um edifício existente simbioticamente absorvendo-o ou anexado a ele, como sua extensão. Através das diversas situações de implantação que possibilitarão diferentes formas de configuração do conjunto, este Módulo será desenhado para ser ideal por 6 meses de eventos culturais em cada uma das 10 cidades programadas. Altamente flexíveis, os espaços poderão ser alterados, densificados, dissolvidos, recombinados, renovados ou suprimidos para dar lugar à formas que atendam às necessidades no decorrer do tempo, tornando-se uma ‘obra aberta’, viva.
Nunca haverá uma mesma apresentação do Módulo Mobilizarte nas diferentes cidades. Mesmo integrados e interdependentes, cada um dos três elementos básicos estabelecerá uma relação própria com o lugar onde for instalado.
O espaço, projetado para ser montado em 10 dias, baseia-se na criação de um sistema apto para ser transformado durante o tempo e o espaço, assumindo características diversas e configurações extraordinárias.

Materiais
Transporte: 3 contêineres (o primeiro transportará os andaimes e demais acessórios metálicos; o segundo transportará todos os elementos infláveis e dobráveis (24 módulos de 12×12m da cobertura de membrana inflável + 50 unidades de vigas infláveis + 650 m² de lonas plásticas); o terceiro transportará os painéis de piso e fechamentos de policarbonato).
Fachada: painéis de policarbonato + lonas plásticas de alta resistência
Cobertura: membrana inflável. (24 módulos de 12×12m, sendo 6 módulos com camada dupla de proteção contra chuva e raios UV).
Piso: painéis de piso tipo Wall ou similares
Estrutura primária: andaimes
Estrutura secundária: vigas infláveis com tecnologia tensairity.
Fonte: E/A

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Casas Sustentáveis

Diversos modelos e ideias ou projetos de casas sustentáveis bem legais! Divirta-se e apreciem os modelos sem moderação! Captação de água e circulação de ar que mantém a temperatura agradável.  Ideias para aplicar em casas já construídas! Telhado verde! Tendência e obrigatoriedade em alguns países! Este modelo apresenta novas tecnologias! Lâmpadas com energia eólica! Captação de água e armazenamento. Fonte: Bioconservation

Aprenda a produzir gás metano em casa com um Biodigestor Caseiro

A geração de lixo, felizmente, pode ser uma aliada ao seu bolso e ao meio ambiente. A produção de gás natural é feita a partir do processo anaeróbionatural de decomposição realizado dentro de um biodigestor, o qual produz em especial o gás metano que tem um potencial de agravamento do efeito estufa muito maior do que o CO². Por conta disso, a utilização do metano como combustível -para fogões, por exemplo- passa a se tornar uma alternativa mais limpa, pois a partir desse processo você evita que metano seja liberado para a atmosfera naturalmente. Além disso, outro ponto positivo para a adaptação de um biodigestor caseiro é a autonomia gerada pela produção residencial do gás, pois após feito o biodigestor, você não precisará mais se preocupar em comprar gás butano. Já podem ser encontrados vários tipos de biodigestores a venda por um preço não tão elevado, contudo, essas câmaras de decomposição possuem um funcionamento tão simples a ponto de você poder produzir o seu próprio bio

Como Assentar um Piso Drenante?

O piso drenante não é apenas um piso pré moldado em placas de concreto drenante, é na verdade um sistema que engloba os materiais de assentamento formando uma escala granulométrica que drena as águas pluviais para o solo. As placas de piso não podem ser assentadas diretamente sobre a terra, pois a mesma irá entupir os vazios da placa de concreto evitando o correto funcionamento. A placa drenante deve ser assentada em um colchão drenante da seguinte forma de acordo com o manual técnico da Segato Pisos do Brasil: -Espalhar sobre o solo compactado uma camada de brita de aproximadamente 12cm de espessura. -Sobre a camada de brita, espalhar uma camada de Areia de aproximadamente 7cm de espessura. -Fazer colocação das placas usando uma linha de nylon para orientar no alinhamento e nivelamento. -A colocação tem que ser feita de forma que as peças fiquem travadas. Seguindo essas regras, teremos um piso ecologicamente correto podendo participar dos projetos com princípios