Projeto da Fujisawa Sustainable Smart Town (Fujisawa SST), cidade japonesa que
deve ficar pronta até 2014. Foto: Divulgação
Um dos grandes erros da gestão pública é tentar solucionar uma questão como se ela fosse um fato isolado. A questão da mobilidade, por exemplo. Mesmo que se invista em transporte público de massa, por si só, essa ação não resultará em uma mobilidade eficiente dentro das cidades. Para que isso aconteça é necessário olhar também para outras áreas, como segurança (será que é seguro virar ciclista ou andar a pé na cidade?) e finanças (o que tem maior custo-benefício, andar de metrô ou tirar meu carro da garagem?).
Do mesmo modo, ao solucionar o gargalo da mobilidade urbana, diversas questões são equacionadas: melhoria da qualidade de vida, redução da poluição, aumento da produtividade, redução de problemas de saúde ligada à poluição, entre outras. Assim, um problema jamais deve ser visto (e combatido) como uma questão isolada, sem uma cadeia de ligações por detrás. Tendo isso em vista, países como o Japão e a Suécia estão começando a procurar soluções integradas para as cidades.
Integração
Uma destas ações é o projeto sueco Simbiocity. Com o objetivo de promover o desenvolvimento urbano sustentável por meio da sinergia de problemas urbanos, o sistema busca soluções que sirvam a diferentes questões. Por exemplo, o projeto utiliza águas residuais na geração de biocombustível para o transporte público, resolvendo os problemas de tratamento de esgoto e otimização dos sistemas de transporte de uma só vez.
Antes bairro industrial, Hammarby Sjöstad é o símbolo do requinte atualmente
Um exemplo de que as soluções integradas são mais eficazes é a própria capital sueca, Estocolmo. Eleita em 2010 a capital mais verde da Europa, a cidade já foi a pior do continente em questões como qualidade da água, do ar e de saúde. A receita do sucesso foi justamente as soluções integradas, como aconteceu no bairro de Hammarby Sjöstad. O local, hoje um dos mais disputados da capital sueca, era uma zona industrial com cais e portos na década de 1990.
Por meio de soluções sustentáveis, o governo local reduziu em 40% o estresse ambiental do distrito, hoje com 50% menos eutrofização, 45% menos ozônio no solo e um consumo de água 40% menor.
Esses resultados em Hammarby Sjöstad foram obtidos justamente devido aos sistemas complexos: os resíduos do tratamento de água e esgoto são reutilizados e geram de energia (biogás) para as residências; a arquitetura é pensada junto ao planejamento de habitações energeticamente eficientes; há sistemas subterrâneos automáticos de coleta de lixo; a eletricidade e a água quente são geradas por energia solar e sistema de transporte de bicicletas.
Fujisawa está sendo pensada a partir de soluções integradas
Foto:divulgação
Inteligência
Na terra do sol nascente, o Japão, soluções integradas começam a ser pensadas já no planejamento de novas ocupações urbanas. No país, está sendo criada a cidade Fujisawa Sustainable Smart Town (Fujisawa SST), que deve abrigar cerca de mil residências e ser finalizada até 2014. Intitulada de “inteligente e sustentável”, a nova cidade terá uma rede energética inteligente, geração de energia solar residencial, sistema de transporte público movido a eletricidade e a biocombustível, além de edificações com o máximo possível de eficiência energética.
As ruas principais de Fujisawa devem ainda conter um eixo verde, com parques e vegetação. A ideia é que a cidade, parte de um projeto de recuperação de áreas devastadas pelo terremoto e tsunami de 2011, deverá emitir 70% menos CO2 em comparação com os níveis de 1990. Para viabilizar a ideia, o governo japonês fechou parceria com nove grandes companhias para construir a cidade.
Assista a apresentação do projeto pela Panasonic, uma das empresas no consórcio (em inglês).
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