Operário faz ajustes em novo equipamento de coleta de lixo na Barra
Foto: Evandro Veiga/Correio
Comuns nas principais cidades europeias, os coletores de resíduos subterrâneos ainda estão distantes da realidade brasileira, restritos a poucos municípios: São Paulo, Paulínia (SP) e Fortaleza. Nesta semana, Salvador anunciou que também passará a contar com a tecnologia.
Funciona assim: o lixo é colocado dentro do recipiente, como em qualquer lixeira comum. Só que o recipiente não tem fundo. Logo, todos os resíduos vão parar no contêiner, que está bem abaixo da superfície. Quando o caminhão chega para fazer a coleta, um dos garis usa um controle remoto para acessar os espaços subterrâneos.
Daí, o chão abre, literalmente. “Ele levanta como se fosse uma tampa”, explicou ao jornal Correio a presidente da Empresa de Limpeza Urbana (Limpurb), Kátia Alves. Quando a “tampa” sobe, até a lixeira que fica visível vai junto. O caminhão, adaptado com uma grua, puxa o contêiner e despeja o conteúdo na caçamba. Depois, coloca a caixa no lugar e a tampa – no caso, a calçada – é fechada.
O piso é feito com o mesmo material do resto da calçada, de acordo com a presidente da Limpurb. “Em cada uma das caixas tem um dispositivo que dispara na empresa quando tiver chegado a 80% da capacidade. O caminhão vai lá e faz a retirada”, explica. Os contêineres com dois marcos comportam 1,6 tonelada. Já os de três podem carregar 3 toneladas.
A meta é instalar 20 equipamentos em diferentes pontos da cidade até o final de 2015.
A expectativa é que a novidade reduza os gastos com as viagens. “Enquanto no sistema comum a gente tem que fazer a coleta todo dia, agora vamos fazer quando atingir a capacidade”, comenta Kátia.
Benefícios do equipamento
Além disso, os coletores isolam o lixo, evitando o mau cheiro e a presença dos animais, conforme destaca o secretário municipal da Cidade Sustentável, André Fraga. “Vamos ter um armazenamento mais adequado, além da estética”, destaca.
Os novos recipientes também facilitariam a coleta seletiva. No equipamento com três caixas da Barra, por exemplo, duas ficarão reservadas para lixo úmido e uma para lixo seco. “Vamos deixar de levar para o aterro um resíduo que pode ser reaproveitado, o que vai ajudar as cooperativas e catadores”, aponta Kátia. Hoje, existem 19 cooperativas de catadores em Salvador.
Sistema semelhante revolucionou a coleta seletiva em Estocolmo, capital da Suécia
Foto: Spacing Magazine
Lixeiras discretas
A previsão é que, até o final de agosto, a capital baiana já conte com pelo menos três contêineres subterrâneos funcionando na Barra. Basicamente, são grandes latões de lixo que ficam debaixo do chão – do concreto mesmo, no passeio. E não dá para notar: um desavisado verá algo que parece uma lixeira comum, com cerca de 1 metro de altura.
Até setembro, as novas lixeiras já devem ter chegado também ao Mercado Modelo. Segundo Kátia Alves, a meta é instalar 20 equipamentos em diferentes pontos da cidade até o final de 2015. “A limpeza é dividida entre quatro empresas e cada uma vai implantar em alguns pontos. Mas a ideia é expandir isso. Vamos colocar na orla e em pontos turísticos”, garante Kátia.
Custo-benefício
No entanto, até chegar aos benefícios, o investimento é alto. Um contêiner com três caixas custa cerca de R$ 120 mil, enquanto o de dois marcos custa R$ 80 mil. Enquanto isso, o valor médio dos contêineres normais, cuja capacidade é de 300 quilos, é de R$ 2 mil.
Os subterrâneos são importados do Porto, em Portugal. “Nós temos cerca de 300 desses lá, o que corresponde a 50% do total da cidade (do Porto). Temos uma parceria com a prefeitura para substituir todas as lixeiras gradativamente”, diz o diretor de operações da TNL, empresa que vende os equipamentos, Rodrigo Aires.
De acordo com Kátia Alves, não haverá custo para a prefeitura de Salvador. “São as empresas que compram. É uma cláusula do contrato com elas a modernização do serviço de limpeza urbana”, garante.
O gerente de gestão operacional da Revita, empresa responsável pela limpeza de cerca de 60% da área de Salvador, Fábio Andrade, diz que este é um projeto piloto. “O objetivo agora é observar o custo-benefício do projeto. Vamos observar os resultados para levar a melhor alternativa para cada área”, conta.
Hoje, essa tecnologia já está presente em países como Espanha e Emirados Árabes. No Brasil, cidades como Fortaleza, São Paulo e Paulínia, no interior paulista, já implantaram os coletores. Em Paulínia, pioneira no país, os equipamentos já estão em 20 pontos da cidade.
Na capital cearense, há os chamados “bigtaineres”, que comportam 10 toneladas de lixo. “Temos três nas principais praças. Tem funcionado muito bem. Evita o acúmulo de lixo e desafogamos o trânsito, porque diminuímos viagens”, conta o secretário Regional do Centro de Fortaleza, Ricardo Sales.
Fonte: EcoD
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