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SWU expõe as contradições de quem vê sustentabilidade como oportunidade de marketing

por Silvia Dias — última modificação Oct 11, 2010 06:45 PM

Podia ser um divisor de águas, mas será lembrado apenas como mais um festival de música. E mal organizado.
Starts With You - e eis que está acabando o potentoso festival musical que assumiu por nome uma equivocada frase em inglês (afinal, não começa com você, mas com todos nós: uma das diferenças da atual visão de mundo para a visão da sustentabilidade é justamente enxergar o todo, as correlações e corresponsabilidades).
Se o equívoco ficasse apenas no nome bacanudo, poderíamos ter tido um exemplo concreto de como fazer entretenimento de forma sustentável. Mas SWU foi apenas mais um festival de música criado e executado a partir dos velhos paradigmas que não levavam em conta o impacto da ação sobre o ambiente e sobre as pessoas. Pior: foi um festival muito mal organizado.
Como testemunharam vários participantes pelo Twitter (ver, em especial, o http://twitter.com/swuvaitomarnocu), eis que um festival supostamente dedicado à sustentabilidade:
1) não tinha lugar para parar bicicleta, apenas carro; cobraram preços abusivos de estacionamento, alegando que seria uma forma de incentivar o uso do transporte público, mas tenho dúvidas, pois se essa fosse a intenção eles teriam providenciado transporte público; porém...
2) porém o festival não negociou com as empresas de ônibus para que colocassem mais carros para fazer a viagem até Itu;
3) e também não forneceu transporte coletivo entre a fazenda onde ocorria o evento e a rodoviária de Itu, transformando a volta do primeiro dia de evento em um verdadeiro caos;
4) vendia água a R$ 4,00 ao invés de oferecer água filtrada;
5) oferecia copo de plástico junto com a lata de cerveja, a R$ 7,00 cada;
6) e se não pensou em reduzir os itens a serem descartados, tampouco cuidou de oferecer latas de lixo em quantidade suficiente para dar conta do descarte gerado pelos 50 mil frequentadores;
7) não se deu ao trabalho de oferecer um menu diferenciado, de menor impacto ambiental, e repetiu o velho padrão de salgadinhos-hamburgueres a preços abusivos;
8) aliás - detalhe insano! - os policiais que fizeram a revista dos participantes tiraram todos os alimentos que as pessoas levaram, formando inacreditáveis pilhas de comida que não seriam aproveitadas e obrigando os participantes a adquirir alimento no evento a preços exorbitantes; a menos que eu me engane, não existe qualquer legislação que apóie esse tipo de conduta arbitrária que, portanto, é ilegal, além de nada sustentável;
9) a compra de comida e bebida se dava pela aquisiçao de fichas, como em quermesse escolar, sendo que não avisaram os frequentadores que as fichas de um dia não valiam para os demais dias... - minha escola estadual de periferia sabia fazer serviço melhor!;
10) insistiu na política da desigualdade econômica, implantando uma inviável pista VIP.
Como vários blogs de pessoas que foram ao evento testemunham, fica muito difícil passar adiante qualquer mensagem de sustentabilidade quando ela não é praticada por quem a prega. Não adianta colocar instalação com garrafas PET recicladas ou estandes de ONGs se não houve cuidado, na organização, para reduzir o lixo, a pegada de carbono, a desigualdade social entre os participantes. Nem o tal do Fórum se salvou, pois não era transmitido fora da tenda onde ocorria (pois é, não havia telão!) e, por isso, só alcançou um percentual muito pequeno de participantes.
Entre feridos e desapontados, quem mais perdeu foram as empresas que se envolveram com esta ação. Pois a falta de consistência com o que significa sustentabilidade foi claramente identificada pelos participantes e não prejudicou o conceito em si, que permanece desejável. Qualquer dúvida a este respeito, favor consultar o fenômeno Marina no primeiro turno das eleições presidenciais. Prejudicou, sim, a imagem dos organizadores e patrocinadores que, ao financiar abordagens rasas e oportunistas, perdem em credibilidade.
A quem interessar possa: por trás do oportunismo travestido de sustentabilidade existe um publicitário famoso, chamado Eduardo Fischer, que atende a conta da Monsanto - aquela, das sementes transgênicas. E como tuitou a jornalista @flaviadurante: "Só vou acreditar que o Eduardo Fischer se preocupa com a sustentabilidade quando a agência dele abrir mão da conta da Monsanto".

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