O edifício possuirá um balanço de 30 m e um vão livre de 40 m. Imagens - Divulgação Frentes
Apresentado na última sexta-feira, dia 25, em cerimônia na Reitoria da USP, o Museu da Tolerância, que será construído na Cidade Universitária, já mostra em seus primeiros traços a preocupação com a adoção de soluções sustentáveis.
Proteção adequada das fachadas em relação à insolação, ventilação e iluminação naturais, racionalização da construção, estrutura metálica. Estes são alguns dos aspectos destacados pelos autores do projeto, os arquitetos José Alves e Juliana Corradini, do escritório Frentes. “As demais questões relacionadas à sustentabilidade serão consideradas no desenvolvimento do projeto”, avisa Juliana.
Sobre ventilação e iluminação, destaca-se no projeto a cobertura do subsolo. Esta será formada por um teto verde com estrutura nervurada de concreto preenchida por terra e grama, reconstituindo, assim, as características originais do chão do local. “Os únicos eventos que indicam a existência deste subsolo são uma escada e várias clarabóias de vidro dispostas de modo desinibido dentro da malha das vigas de sustentação deste piso. Além de iluminar e ventilar os recintos abaixo, compostos por salas administrativas, diretoria, gerência, reserva técnica, biblioteca, laboratórios, estacionamentos apoio e infra-estrutura, à noite estas clarabóias serão focos singelos de luz a iluminar inusitadamente o terreno ao redor e esta grande praça coberta pelo corpo principal do Museu”, explica Alves.
Projeto original de 2005
Completam este embasamento um auditório para 400 pessoas, que poderá ser dividido em dois, e uma pequena sala de projeções para 150 pessoas, ambas isoladas do meio ambiente, funcionando como caixas totalmente estanques e impermeáveis aos sons e vibrações vindos tanto de fora como entre elas. Internamente serão providas de uma adequada difusão dos sons refletidos em suas superfícies. “No nível abaixo estão os reservatórios d’água para uso diário e reserva de incêndio”, acrescenta o arquiteto.
Nas características previstas para o piso estão alguns dos indícios de que o museu será um exemplo de obra rápida e limpa. “Os pisos serão constituídos por lajes pré-fabricadas de concreto ou steel deck que, solidarizadas entre si e à estrutura metálica, constituirão uma grande membrana horizontal de travamento, otimizando o uso de materiais”, explica Alves.
Os autores do projeto também mostram preocupação com a questão do conforto térmico. Todo o conjunto será envolto internamente por vidro temperado e externamente por uma pele de chapa metálica expandida galvanizada a fogo. “Isso dará translucidez ao edifício e protegerá as fachadas norte e noroeste da incidência solar”, diz Alves.
Liberdade
O Museu é ligado ao Laboratório de Estudos sobre à Intolerância (LEI) da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas (FFLCH) da USP e, segundo Anita Novinsky, presidente do LEI, seguirá um conceito diferente dos museus antigos, que simplesmente abrigam e expõe obras. Vinculado à educação lato sensu, “o Museu da Tolerância será o primeiro do gênero na América latina, porque será, na realidade, uma escola voltada para a educação, com um duplo sentido: transmitir conhecimentos sobre o valor da diversidade do gênero humano, das diferentes culturas e demonstrar as amargas conseqüências do fanatismo e da intolerância”, diz a professora.
Terá duas bibliotecas (uma com acervo documental, testemunhos, arquivos e fotos; outra dedicada à literatura infanto-juvenil), uma cinemateca, um auditório, galerias para exposições, salas de multimídia, salas de aula, laboratórios de restauração e conservação, espaços de convivência, além de uma área onde passará a funcionar o LEI. A marca do projeto, segundo os autores, é a sensação de liberdade que o museu poderá causar a seus frequentadores. O projeto prevê a construção de um edifício de 20 mil m² com uma estrutura metálica. O edifício possuirá um balanço de 30 m e um vão livre de 40 m. “Criamos um edifício de generosas proporções, mas sua grandiosidade será construída pelas pessoas que o frequentarem, aproveitando sua sombra para debates ao ar livre, em contato com a natureza, cruzando o vazio pelas rampas que costuram o espaço na esperança de fechar cicatrizes incuráveis, convivendo com o outro e o diferente no hall de entrada com iluminação zenital e altura de 45 metros, e refletindo sobre a experiência de viver na cobertura a 32 metros do solo, em um dos pontos mais altos da USP, com uma bela vista de São Paulo”, explica Juliana.
O projeto do escritório Frentes foi escolhido por concurso em 2005, mas a apresentação oficial só aconteceu recentemente em função da mudança do terreno onde o museu seria construído. O novo terreno fica em uma das regiões mais altas da Cidade Universitária, próximo à Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia da USP.
O LEI pretende inaugurar a obra em até três anos. Para isso, pretende buscar verbas na iniciativa privada. Os custos deverão ficar em torno de R$ 75 milhões. A entrada será gratuita para estudantes e a expectativa é de receber 5 mil visitas diárias.
Projeto original de 2005
Divulgação: Frentes
Fonte:Engenharia e Arquitetura
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