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CASAS COM SUPER-ISOLAMENTO TÉRMICO EM PORTUGAL E BRASIL. O CONCEITO DE CASA PASSIVA OU PASSIVHAUS

Existem mundo fora – sobretudo na Alemanha e países do Norte da Europa – algumas dezenas de milhares de edifícios chamados PassivHaus (Passive Houses, Casas Passivas). Este conceito foi projetado por dois arquitetos europeus, um alemão (Wolfgang Feist) e outro sueco (Bo Adamson), nos fins dos anos oitenta do século passado, e o movimento - centrado na organização PassivHaus Institute - tem hoje ramificações um pouco por todo o mundo.

O PassiveHaus Institute está presentemente representado em Portugal através da Associação PassivHaus portuguesa. Não existe, no presente, uma associação equivalente para o Brasil embora alguns – muito poucos – edifícios brasileiros tenham seguido os princípios das PassivHaus (Imagem: PassiveHouse.us)
Mas O Que É Exactamente Uma PassivHaus, E Quais As Suas Vantagens?

As PassivHaus são edifícios com níveis elevadíssimos de isolamento e selagem térmica, desenhados expressamente para reduzir as perdas (ou os ganhos) de calor para níveis reduzidíssimos.

Noutras palavras: os ganhos ou as perdas indesejadas de calor por via das paredes, das janelas, dos sótãos ou dos pisos de qualquer edifício construído convencionalmente são em grande parte eliminados por via de altos níveis de isolamento térmico e de janelas super-eficientes, adequadamente dimensionadas de acordo com o lado da casa, para além de adequadamente sombreadas (e expostas ao sol de inverno); o interior térmico do edifício fica super-blindado face ao exterior.

Em climas frios ou com invernos rigorosos isso é altamente vantajoso; as fontes internas de calor (as pessoas no interior das casos, os banhos...) e pequeníssimos sistemas de aquecimento podem garantir todo o conforto térmico necessário, sem dispendiosos sistemas de aquecimento.

Além disso, as Passivhaus ou casas passivas são também projectadas no sentido de maximizarem ganhos de calor solar no inverno, por via da orientação solar da casa e das suas janelas e envidraçados, e da massa térmica de paredes internas ou de pavimentos envolvendo cimento e materiais cerâmicos.

As Passivhaus têm que ser projectadas com grande detalhe, e envolvem um sofisticado sistema de ventilação artificial (para garantir ar fresco, sem perdas ou ganhos indesejados de calor), bem como adequado desenho arquitetónico (como as palas arquitetónicas que podem ser vistas na imagem acima), e um sistema de portas e sobretudo de janelas projetado nos mais ínfimos detalhes (posicionamento, tamanho, tipo de vidro, caixilharia).

O Caso Português E Brasileiro

Como dissemos existe neste momento uma associação PassivHaus portuguesa, e já foram ou estão a ser construídas algumas dezenas de casas passivas em Portugal. É um conceito de construção interessante, da família das casas energeticamente eficientes e do tipo energia zero com óbvias vantagens ambientais.

É um conceito de casas de qualidade, capaz de gerar altos níveis de conforto.

Mas permanecem algumas interrogações a nível de custos e de vantagens em climas quentes, ou em climas como o português o do sul do Brasil, onde o inverno não atinje rigores extremos. Será que faz sentido uma casa passiva, para climas brasileiros.

Ou seja: será que há vantagens significativas em aplicar o conceito das Passive Houses aos climas portugueses e brasileiros?
O Conceito De PassivHaus Em Climas Quentes

É possível projetar o conceito PassivHaus a climas quentes. Há notícias de implementação com sucesso do conceito de PassivHaus na Singapura (um clima tropical).

O conceito de super-isolamento térmico, pode ser adaptado de modo a proteger os edifícios de ganhos excessivos de calor e a evitar perdas de ar condicionado, reduzindo os gastos com arrefecimento a níveis mínimos.

A grande questão – na perspetiva de aplicação do conceito de Casa Passiva em países como o Brasil ou mesmo Portugal – não está tanto na sua exequibilidade técnica, mas sim nos seus custos e competitividade relativamente a modelos alternativos de construção, atendendo à natureza dos nossos climas.

Noutros termos: será que é pertinente e vantajosa a construção de casas passivas em Portugal e no Brasil?
Custo Das PassivHaus

As Casas Passivas envolvem custos acrescidos em matéria de projeto arquitetónico, níveis de isolamento e selagem térmica, sistemas de ventilação artificial, portas e janelas...

Uma parte destes custos são normais e extensivos a outros modelos de casa eficiente, apenas um pouco mais altos; por outro lado, parte desses custos é compensada por via de reduções de custos a nível dos sistemas de climatização (que poderão ser muito pequenos, ou mesmo eliminados).

Por outro lado ainda, como as Passive Houses são tipicamente projetadas em tamanhos modestos, isso também representa uma economia de custos importante.

Mas em geral, os custos iniciais de construção são mais altos, sobretudo em casos em que não há economias de escala por detrás dos processos de construção. Noutros termos: apenas multiplicando este tipo de construção e criando um corpo de técnicos informado e treinado, é possível reduzir mais significativamente os custos de construção e tornar o modelo mais atraente economicamente.
Conclusão

Independentemente das suas vantagens, que são evidentes, o modelo PassivHaus, encarado de uma forma estrita, pode vir a ter pouco sucesso em Portugal e sobretudo no Brasil, onde não se verificam os problemas de climatização dos países de clima frio.

É, de qualquer modo importante que os princípios subjacentes às Passive Houses sejam tidos em conta, na construção de qualquer edifício. Eles são ao fim e ao cabo comuns aos vários modelos de casa eficiente e dos edifícios energia zero: also isolamento térmico, janelas e portas eficientes e bem dimensionadas e posicionadas, conveniente exposição ou proteção solar, aproveitamento de brisas, atenção ao layout, à configuração da casa e às suas envolventes externas, uso da energia solar...

Por outros lado, mesmo questões aparentemente secundárias a nível de construção de Casas Passivas, como palas associadas a telhados (para proteger janelas, paredes e portas de água da chuva ou do sol) podem ser interessantes em certos climas brasileiros. Esses elementos arquitetónicos são frequentemente descurados, mas não deixam de ser importantes para efeitos de sombreamento e climatização, e para prolongar a vida e a saúde das paredes, portas e janelas em climas húmidos e chuvosos.

Nota: os novos edifícios portugueses terão que ser Energia Zero a partir de 2018 (edifícios públicos) ou Dezembro de 2020 (outros edifícios). Ver: Projeto europeu Edifícios Energia Quase Zero

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