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Arquitetura Bioclimática

Reproduzo aqui o artigo publicadopo por Paula Leme Warkentin

A arquitetura bioclimática busca minimizar os impactos da construção civil no meio ambiente. Iluminação natural e conforto ambiental são bastante visados. (Foto: Artica)

Estratégias para maior aproveitamento dos recursos naturais aliam-se aos elementos da arquitetura, criando empreendimentos mais eficientes e menos impactantes.


O objetivo é construir o empreendimento adaptado às características do local onde está ou será inserido, ou seja, se o local apresenta baixas temperaturas, construir de modo que absorva eficazmente o calor do sol. Ou o contrário: em países tropicais, construir de modo que haja menor absorção de calor e aumento da ação dos ventos.

A expressão "Projeto Bioclimático" surgiu durante um congresso sobre arquitetura vernacular (um tipo de arquitetura construtiva com técnicas regionais), na Universidade de Princeton, onde os irmãos Olgyay eram professores. Em 1963, Victor e Aladar Olgyay publicaram o livro "Design with climate".

O conforto ambiental é bastante citado na arquitetura bioclimática, buscando condições favoráveis aos ocupantes e utilizando recursos disponíveis de acordo com o local (clima, disponibilidade de luz, água, ventos, entre outros). 

A iluminação natural é considerada nesses projetos e, quando bem aproveitada, diminui a necessidade de iluminação artificial e, consequentemente, de condicionadores de ar, considerando que a luz artificial é convertida em calor. Porém, é preciso que o espaço seja muito bem planejado para garantir que não haja demasiada radiação solar direta, promovendo aquecimento do ambiente. 

Como a maioria dos edifícios não considera princípios como a incidência solar, acaba buscando maior conforto no resfriamento artificial, já que o ambiente se torna quente e depende de ar-condicionado ou de ventiladores. Segundo Heitor da Costa Silva, arquiteto, Ph.D. e professor nos cursos de graduação e pós-graduação da Faculdade de Arquitetura da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, o projeto deve levar em consideração aspectos que aumentem a condição de iluminação interna, principalmente quando há demanda de iluminação natural, para o conforto dos ocupantes. Segundo ele, em edifícios para escritórios, a compatibilização entre luz natural e artificial é mais elaborada: "O acesso de luz natural também representa incremento de carga térmica, principalmente considerando que equipamentos e mesmo a luz artificial para iluminação são de uso frequente. Nessas condições, nos períodos quentes, sazonais e diários, o projeto da edificação deverá sempre considerar elementos de controle de radiação solar direta".

A ventilação é outro fator que pode ser mais aproveitado nesse tipo de arquitetura, pois promove a renovação do ar, refresca o local e ajuda a remover a umidade. Além disso, em ambiente bem planejado, considerando a direção dos ventos, a circulação de ar pode dispensar ou reduzir o uso de resfriamento artificial, que consome energia elétrica.

Esse tipo de iluminação também favorece a saúde física e mental: quem não sente prazer ao estar em ambiente iluminado por janelas que permitem a luz do sol? 

Costa Silva, que, além de professor da UFRGS, presta consultoria em arquitetura bioclimática, concedeu uma pequena entrevista ao Sustentabilidade Allianz.

A carta bioclimática foi criada a partir de estudos dos efeitos do clima sobre o homem. Ela pode ser considerada indispensável aos profissionais que desejam implantar projetos bioclimáticos?
Trata-se de uma ferramenta que pode ser utilizada para projetos bioclimáticos. Uma ferramenta didática que permite ao projetista fazer especulações sobre estratégias em diversas escalas de desenho, a partir de dados muito elementares, como temperaturas médias mensais, até um apurado detalhamento de elementos construtivos, como temperaturas horárias, anuais ou por períodos.

A carta bioclimática não resolve problemas de adaptação entre o clima e o homem, ela sensibiliza o projetista quanto aos critérios de projeto para a determinação de estratégias para um clima específico e seus efeitos para o conforto e a habitabilidade nos ambientes construídos.



Você acredita ser possível adaptar as edificações aos princípios da arquitetura bioclimática em capitais brasileiras?
Arquitetura bioclimática é a maneira de pensar a construção e o planejamento do espaço habitável, portanto aplicável às diversas etapas ao longo do processo, do projeto e da construção. Para as edificações existentes, as estratégias bioclimáticas são condicionadas às pré-existências que, de certa maneira, limitam os potenciais benefícios de um pensamento bioclimático. Em qualquer circunstância, pensar “bioclimaticamente” parece ser um dever técnico e uma responsabilidade de quem constrói o ambiente e, em qualquer situação, mais ou menos benefícios sempre serão aspectos de um pensamento responsável, isso em qualquer região climática, no Brasil ou em outras partes do globo. Os climas são variáveis de acordo com a região, por isso as estratégias variam, mas a condição de habitabilidade e de conforto higrotérmico, visual e acústico é para o ser humano, e as faixas de aceitação do homem são bastante limitadas. Dessa forma, o clima muda, mas a aceitação ao ambiente é reduzida, pois o homem é muito sensível e exigente em relação a sua sobrevivência.

Em sua opinião, qual é a maior dificuldade encontrada em um projeto bioclimático?
A maior dificuldade de um projeto bioclimático é a falta de criatividade e conhecimento técnico. Todos os espaços habitáveis pelo homem, pelo menos em tese, são cheios de ar, necessitam luz para que aí sejam realizadas diversas atividades visuais e são ocupados por seres humanos. Pensando dessa maneira, é natural que se explorem perceptivamente o potencial prazeroso que um espaço pode oferecer pelo condicionamento natural do ar “fresco para a respiração", para o descanso da atividade visual em níveis de iluminamento adequados e para as necessárias trocas de calor entre o corpo humano e o ambiente de forma a evitar o “estresse” térmico, tanto pelo calor quanto pelo frio. Isso é tão elementar que somente a falta de criatividade ou o desconhecimento técnico podem impedir que todos os espaços planejados e projetados para o homem ofereçam o máximo desse conforto sem remeter a soluções com sofisticações tecnológicas para o atendimento dessas necessidades humanas básicas. Além disso, essas sofisticações são dependentes de altos recursos energéticos. É óbvio que alguns espaços necessitam desses recursos energéticos, dadas as sua especificidades. Um centro cirúrgico, por questões elementares, deve ser uma cápsula altamente condicionada, pois aí o controle sobre o meio deve ser total. Por outro lado, o uso de iluminação artificial para edifícios de comércio, durante o dia, onde é possível o uso da luz natural (shoppings, por exemplo), é total descenso, tanto para o conforto quanto para o uso racional da energia, principalmente elétrica, no Brasil ou em qualquer outro clima ou cultura.
Fonte: Allianz

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