Câmara dos Vereadores de Itaguaí
Conceito
Um dos aspectos mais importantes que um edifício público como a sede da Câmara de Vereadores de Itajaí deve atender é o de proporcionar condições ambientais ideais para que seus usuários desempenhem suas atividades - sejam eles vereadores e funcionários, seja o público que a ele acorre - além de naturalmente expressar todo o caráter, qualidades e requisitos que farão da edificação um marco arquitetônico e urbanístico dentro da cidade.
Partido Arquitetônico
O partido propõe um edifício composto de dois grandes blocos: a sul, mais próximo da Rua José Joaquim dos Santos, que é a via de acesso, a volumetria irregular do Plenário/Auditório é resultante da exteriorização da função interna. Este volume é circundado pela rampa curva de acesso público e está estrategicamente posicionado para ser uma referência visual não só para quem chega ao edifício, mas também para o observador posicionado mais ao longe. A norte, com sua Praça Interna fortemente vegetada que será o local de encontro de todos, público, funcionários e vereadores, e concebida ambientalmente para funcionar como "pulmão verde" dos espaços de escritório, está o volume administrativo. Estes dois blocos são interligados por um Átrio com altura de 8,50 metros, que possui cobertura de vidro protetivo e atravessa o conjunto de leste (onde situa-se o Acesso de Público) a oeste. Assim posicionado, o Átrio constitui-se no espaço de integração de todas as funções deste edifício público.
Estratégia Energética
A proposta busca refletir a racionalização e os avanços significativos na conservação de energia, na proteção do meio ambiente e a preocupação com a saúde e o bem-estar dos usuários do edifício, utilizando principalmente a ventilação natural impelida pelo efeito chaminé, a ventilação natural cruzada nos ambientes e a adequada proteção solar por meio de brises-soleil colocados nas aberturas (janelas), com orientação nordeste-sudoeste, que é a direção dos ventos dominantes em uma cidade com clima de temperaturas médias elevadas. As formas cuidadosamente estudadas destes elementos construtivos foram projetadas para, por um lado bloquear a incidência solar indesejada nas diversas estações do ano, e por outro, fazer a captação das brisas que irão contribuir significativamente para o conforto ambiental interno, sem haver necessidade do uso de sistemas artificiais de climatização, a não ser em pouco dias durante o ano.
No volume do Plenário/Auditório o ingresso do ar frio se dá por meio de grelhas reguláveis localizadas na base das paredes internas a aproximadamente 40cm do nível do piso. O sistema de entrada de ar frio é composto de tomadas de ar posicionadas externamente na face sul, sob um agrupamento do belo arbusto chamado cambará de cheiro (lantana camara) que proporcionará sombra para baixar a temperatura do ar que deve entrar nos tubos, ao mesmo tempo que exalará agradável perfume de floresta; as saídas do ar quente se dão através de dampers situados nos sheds da cobertura, que automaticamente se fecham quando o sistema de ar condicionado, nos dias de picos de temperatura, precisa ser acionado.
A partir de todos os ambientes do Bloco Administrativo, o usuário estará rodeado de verde, tendo contato direto com jardins, seja externos, seja internos. Os ambientes de escritório que o compõem estão voltados para o grande espaço central, a Praça em dois níveis com espécies nativas da Mata Atlântica, como os palmitos que rasgam altaneiros o espaço vertical, e as bromélias que forram o chão.
A iluminação natural é abundante em todos os ambientes: no Auditório os sheds situados na cobertura permitem a entrada farta da luz natural refletida, possibilitando seu pleno funcionamento durante o dia sem necessidade de iluminação artificial; no Espaço Central do Bloco Administrativo, os sheds da cobertura fazem jorrar a luz natural difusa, produzindo um verdadeiro banho de luz que fará ressaltar a vegetação da Mata Atlântica; no Átrio, com sua cobertura e vedações em vidro protetivo, a luz natural será o protagonista principal, valorizando os eventos que ali ocorrerão; e os ambientes de trabalho são também fartamente iluminados naturalmente.
As estimativas técnicas realizadas pelos especialistas das áreas de climatização, energia elétrica e de hidráulica, indicam que este sistema de condicionamento bio-ambiental ou ecológico, criteriosamente orquestrado, deverá gerar uma economia energética acima de 50% do consumo total, o que financeiramente significa uma amortização que pode chegar a 5% ao ano sobre o investimento feito na obra.
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