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Seis tendências de sustentabilidade para a indústria da construção

Por Ricardo Voltolini*

Sua empresa constrói de modo mais sustentável? Quanto mais sustentável ela é na hora conceber, planejar e executar uma obra de construção civil? Com o objetivo de orientar players deste importante setor econômico, a consultoria Ideia Sustentável realizou um estudo denominado 6 Tendências de Sustentabilidade para a Indústria da Construção. Para verificar quão afinada está a sua empresa com as tais seis tendências, proponho aqui um roteiro com seis perguntas essenciais, acompanhadas de 37 questões que podem ser objeto para uma reflexão mais aprofundada. Sugiro que você leia aos poucos, como se estivesse estudando o tema. E que tente respondê-​­las usando a sua experiência pessoal ou, na forma de exercício, em conjunto com integrantes de sua equipe ou de outras áreas corporativas. Quanto mais claras forem as respostas, mais condições você terá de avaliar o estágio atual da empresa, seus pontos fortes e fracos, suas ameaças e oportunidades. Este roteiro constitui o primeiro passo para um plano de ação.

Tendência 1 – Promoção de externalidades sociais positivas

Sua empresa realiza ações que excedem as expectativas legais, setoriais e das comunidades para ir além de compliance, objetivando reduzir todos os impactos negativos em cada elo da cadeia de valor? Se sim, indique o que ela tem feito para:

✔ Incorporar efetivamente as questões éticas na gestão do negócio

✔ Engajar e comprometer a alta liderança com as questões de sustentabilidade

✔ Envolver stakeholders para eliminar espaços e possibilidades para a corrupção

✔ Gerar benefícios claros para as comunidades do entorno dos empreendimentos

✔ Implantar programas que fomentem ações positivas no setor, como, por exemplo, o de Ética e Compliance na Construção, do CBIC.

✔ Promover ações de educação e saúde para além dos canteiros de obras, alcançando, por exemplo, segmentos econômicos mais vulneráveis

Tendência 2 – Inovação em materiais e processos

Sua empresa considera, desde a etapa de planejamento da obra, materiais e equipamentos sustentáveis (de baixo carbono, que operem a partir de energias renováveis e limpas e permitam melhor aproveitamento dos resíduos)? Se sim, defina o que ela tem feito para:

✔ Avaliar aspectos sociais e ambientais dos produtos que serão utilizados na obra, não apenas os econômico-​­financeiros

✔ Utilizar a Análise de Ciclo de Vida para escolher materiais e processos mais eficientes e de baixa emissão de gases de efeito estufa

✔ Usar a Análise de Ciclo de Vida também para promover a transparência no mercado da construção, na medida em que a ferramenta oferece informações interessantes a investidores, clientes e certificadores

✔ Promover a gestão responsável da instala­ção e operação dos materiais e equipamentos para elevar os ganhos de eficiência e a qualidade habitacional

✔ Avaliar e incentivar cada elo da cadeia de valor de um empreendimento a inovar e a adotar materiais e processos mais sustentáveis

✔ Estimular a inovação no setor também por meio de políticas públicas, fomentando a demanda por equipamentos sustentáveis e assegurando a competitividade de novas tecnologias

Tendência 3 – Projetos sistêmicos


Sua empresa considera as questões relativas à sustentabilidade em todas as etapas dos projetos? Se sim, aponte o que ela tem feito para:

✔ Formar equipes multidisciplinares que utilizem visão holística na concepção de projetos menos impactantes do ponto de vista socioambiental

✔ Planejar a obra buscando integrá-la ao contexto urbano, social, ambiental e cultural em que ela se insere

✔ Adotar um olhar sistêmico que contribua para evitar retrabalhos e para reduzir o tempo de execução da obra, os desperdícios de recursos materiais e financeiros e o número de acidentes de trabalho

✔ Superar visões estritamente mercadológicas/financeiras, de curto prazo, para elaborar projetos realmente capazes de gerar benefícios sociais, ambientais e econômicos

✔ Melhorar, com o empreendimento, o espa­ço urbano como um todo

✔ Incorporar o maior número possível de requisitos de sustentabilidade e o mais rapidamente possível, pois, embora ainda sejam considerados diferenciais no Brasil, logo serão obrigações legais, e as empresas já engajadas no tema terão vantagens competitivas

✔ Adaptar antigas construções aos requisitos de sustentabilidade por meio de retrofit, garantindo ganhos de reputação para a marca responsável pela obra e requalificação urbana para o entorno dela

Tendência 4 – Gestão sustentável de resíduos



Sua empresa adota um plano de gestão ambiental para usar de forma mais eficiente os recursos e gerar menos resíduos? Se sim, descreva o que ela tem feito para:

✔ Desenvolver soluções para resíduos que ainda não têm uma destinação final adequada

✔ Estimular a reciclagem e a reutilização dos resíduos que têm destinação adequada

✔ Diminuir a quantidade de entulho enviada a aterros, reduzindo, por tabela, os custos do transporte do mesmo

✔ Promover a reciclagem dentro do canteiro de obras para reduzir o volume de resíduos para descarte e o consumo de materiais extraídos diretamente da natureza, além de diminuir os acidentes de trabalho devido à maior organização nas obras

✔ Contemplar já no planejamento da obra a reciclagem no fim de sua vida útil, um dos desafios mais atuais e complexos do setor da construção

✔ Exercer um controle oficial de qualidade dos produtos originados da reciclagem para que ganhem credibilidade junto ao consumidor

✔ Conectar governos, empresas e grupos profissionais da área de resíduos para o desenvolvimento de ações coordenadas

Tendência 5 – Eficiência energética e hídrica


Sua empresa prioriza produtos e processos baseados em requisitos de eficiência energética e hídrica, visando a construções com melhor performance ambiental e baixa emissão de carbono? Se sim, identifique o que ela tem feito para:

✔ Ajudar a construir políticas públicas para incentivar a redução de emissões, induzindo mudanças relevantes no setor da construção

✔ Promover o tema da sustentabilidade e as inúmeras vantagens decorrentes de sua inserção no negócio visando amentar o número de consumidores interessados em construções ecologicamente corretas

✔ Focar no desempenho eficiente não só na implantação de produtos e processos, mas durante sua operação nas edificações, promovendo inclusive treinamentos para os gestores prediais conseguirem usar tais recursos da maneira correta

Tendência 6 – Desenvolvimento da cultura de sustentabilidade para os stakeholders


Sua empresa engaja os seus diferentes stakeholders para o valor da sustentabilidade? Se sim, cite o que ela tem feito para:

✔ Envolver e formar, sozinha ou em conjunto com outras instituições, arquitetos, engenheiros, paisagistas e técnicos de construção civil capazes de conciliar conhecimento técnico e visão sistêmica

✔ Incentivar a atualização de currículos em escolas de negócios e universidades para que contemplem os valores da sustentabilidade

✔ Informar o cliente sobre os benefícios e vender o valor da sustentabilidade em seus processos de comercialização

✔ Sensibilizar os investidores e membros do Conselho de Administração para a importância de empreendimentos mais sustentáveis

✔ Apresentar às demais empresas do setor e aos seus fornecedores maneiras de mitigar os impactos ambientais pelos quais são responsáveis

✔ Usar certificações como primeiro passo para mudanças no processo produtivo, definindo um padrão técnico mais elevado no mercado

✔ Exceder o estágio de redução de danos ambientais para atingir o de reparo de serviços ecossistêmicos

✔ Convencer as lideranças do setor sobre a importância de se criar uma cultura de sustentabilidade para que elas usem sua influência no incentivo a inovações e melhorias de performance.

*Ricardo Voltolini é diretor-​­presidente da consultoria Ideia Sustentável: Estratégia e Inteligência em Sustentabilidade; idealizador da Plataforma Liderança Sustentável; e autor de diversos livros, entre os quais Conversas com Líderes Sustentáveis (SENAC-SP/2011), Escolas de Líderes Sustentáveis (Elsevier/2013) e Sustentabilidade como Fonte de Inovação (Ideia Sustentável/2016).
Fonte: EcoD

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