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10 perguntas que você sempre quis fazer sobre casa container


Acabaram as férias. Aproveitamos bastante – e ainda temos mais dias para aproveitar o descanso do trabalho convencional -, mas o blog não podia ficar mais tempo sem atualização, não acham? Se bem que os demais canais (não nos segue neles ainda? Aff) continuaram sendo atualizados, principalmente o Instagram e o Facebook.

E sabem o que mais não deixou de ser atualizado? A caixa de e-mails com diversas perguntas sobre casas containers. O tema é novo no Brasil e por isso normal que as pessoas tenham dúvidas sobre esse tipo de construção.

Já antecipo que, apesar do container, todo o resto é basicamente igual a qualquer outra construção: aberturas, pisos, coberturas etc.

Mas, para acabar de vez com as perguntas mais comuns sobre o tema, pedi para minha arquiteta (que está fazendo minha casa container), Livia Ferraro, da Ferraro Container Habitat, esclarecê-las. Afinal, ainda que eu pesquise o tema, nada melhor do que uma profissional do gabarito dela para sanar todas as dúvidas.

Com a palavra, a profissional especializada no tema:

A Arquitetura sempre foi concebida a partir de princípios básicos como a estaticidade, a estabilidade e a durabilidade. As vertiginosas mudanças econômicas, sociais e culturais de hoje solicitam novas alternativas de planejamento espacial fundamentadas em conceitos como a mobilidade, a flexibilidade, a mutabilidade, a instantaneidade, a criatividade e a reciclagem.

No Brasil ainda predomina o sistema construtivo da alvenaria convencional: um sistema artesanal com mão de obra altamente desqualificada, alto consumo de energia e desperdício de materiais. Apesar deste panorama, já surgem algumas iniciativas visando à mecanização e à minimização do impacto ambiental que estes processos acarretam.

Surge então uma nova tendência nesta década: a utilização de containers marítimos como matéria prima para uma construção modular, mais prática e instantânea.

Esta unidade construtiva atende perfeitamente quando consideramos a necessidade atual de minimização do impacto ambiental. As “Containers Cities” que as regiões portuárias brasileiras se tornaram configuram imensos depósitos de containers sucateados a céu aberto e representam o potencial adormecido que temos em nosso país e que não se pode ignorar. Itajaí, cidade catarinense localizada a 90km de Florianópolis é hoje uma das principais regiões no país com este cenário. A apropriação deste material visa dar destino correto a estes containers e melhorar a auto-estima desta população, que passa a enxergar o que antes era visto como lixo em um enorme potencial de negócios.

Excelente como matéria prima, uma obra com containers diminui significativamente a produção de resíduos, reduzindo de 30% (em obra convencional) para 1% de desperdício. São três caçambas de entulho contra um saco de lixo, comparativamente. O container reefer, adotado neste projeto, é um material altamente resistente, produzido com aço cortain, alumínio e um isolante térmico bastante eficiente. Foi projetado para o transporte naval e para receber água salgada diariamente. Sua fácil manutenção garante a durabilidade por gerações quando em terra firme.

Os custos de obra deste sistema são similares aos de uma construção convencional, porém com algumas vantagens: por se tratar de uma “caixa pronta”, a arquitetura modular a partir de containers representa uma obra muito mais rápida. A economia que uma obra neste sistema pode gerar vem, portanto, do tempo reduzido desta construção: uma obra finalizada em menos tempo retorna mais rápido o seu investimento.

Um sistema mais mecanizado onde se envolvem empresas especializadas e não uma mão de obra desqualificada resulta em uma maior previsibilidade de orçamento, evitando gastos desnecessários ou surpresas no orçamento.

Por se tratar de uma estrutura mais leve que a alvenaria, reduz significativamente a carga nas fundações, otimizando desta forma o direcionamento dos custos dentro da obra.

Outro fator economicamente favorável é de ordem conceitual: por se tratar de algo inovador e sustentável, uma edificação em containers gera uma mídia espontânea bastante intensa, favorece a disseminação da proposta e se torna um marco para o local onde se insere.

10 perguntas que todo mundo sempre faz:

1. Não esquenta?

Utilizamos os containers do modelo Reefer, usados para transporte de carga refrigerada. Já vem com um isolamento de fábrica altamente eficiente, dispensando o uso de ar condicionado.

2. É mais barato?

O valor final de uma obra em container se equivale ao de uma construção convencional, com algumas vantagens.[O barateamento vai depender dos demais materiais utilizados e utilização de produtos alternativos]


3. E quanto à durabilidade?

O container é um material projetado para transporte marítimo em condições bastante adversas. Em um terreno, se feita a manutenção adequada, pode durar gerações.

4. No caso de um raio atingir o container, por ser uma caixa metálica, existe algum risco?

Um container funciona pelo mesmo princípio da Gaiola de Faraday: um condutor, quando carregado, tende a espalhar suas cargas uniformemente por toda a sua superfície. Se esse condutor for uma esfera oca, por exemplo, os efeitos de campo elétrico criados no interior do condutor acabam se anulando, obtendo assim um campo elétrico nulo. É o mesmo princípio dos aviões e dos carros, contrariando o pensamento popular de que são os pneus que fazem essa proteção.


5. E se o container transportou material tóxico ou radioativo?

Antes da compra, é pesquisado o histórico de cada container. Este histórico indica o tipo de carga e os itinerários de cada unidade. Também é solicitado um laudo, emitido pelo serviço público federal no próprio porto antes que o container seja liberado. Este laudo atesta que o container está livre de qualquer resíduo ou radiação.

6. O material do container é inflamável?

A camada isolante de poliuretano se localiza no interior entre as chapas metálicas interna e externa do container, permanecendo completamente isolado. O poliuretano utilizado é anti-chamas.


7. Não vou me sentir oprimido dentro de um container, como em uma lata de sardinhas?
Por se tratar de um espaço compacto, surge o desafio de trabalhar bem a ergonomia e conforto deste espaço. O mobiliário projetado de forma a ser eficiente, os revestimentos aplicados e a cobertura vegetal aliados aos recortes nas chapas para favorecer a ventilação, a iluminação e a circulação são recursos utilizados para a “humanização” deste material, fazendo com que se torne um espaço bastante confortável, apesar de compacto.

8. Como é feito o transporte e instalação?

Por se tratar de um material que possui dimensão padrão para transporte, pode ser transportado através de caminhão ou navio. Chegando ao local de instalação é necessário um guindaste ou caminhão munk para retirá-lo do caminhão e colocá-lo no chão. A fundação é bastante simples por conta do peso reduzido de um container com relação à alvenaria e dependendo das condições do terreno, bastam blocos de concreto para apoiá-lo.

A partir daí, são feitos todos os cortes nas chapas, as instalações hidro-sanitárias e elétricas (que podem ser embutidas ou aparentes) e os acabamentos como piso, pintura, conexões entre módulos. É um processo bastante simplificado e rápido.


9. É seguro contra roubos?

O container é produzido com um aço altamente resistente. Suas portas originais são projetadas a fim de manter o módulo estanque, quando fechado. Para abri-lo é necessário um maçarico. Na instalação os containers são afixados na fundação, evitando que possam ser transportados a qualquer momento.

10. Quais são as características do container Reefer?

– Painéis e portas em aço inoxidável, evitando corrosões.

– Os painéis externos podem ser em alumínio ou aço, dependendo do modelo.

– O isolamento térmico é feito com poliuretano de alta densidade na espessura de 10cm.

– O piso é uma grelha em alumínio, permitindo um colchão de ar abaixo do piso instalado.

– Suportam até 35.000kg de carga/ Tara de 4.000kg

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