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Casa ecológica propõe uma nova maneira de viver

Pesquisadores de universidades brasileiras criam modelo para participar de competição internacional e consolidar a indústria da construção sustentável no país

Por: Rebeca Ramos



Brasília - Depois de abusar, por anos, dos recursos naturais, a ordem agora é minimizar os danos causados ao planeta. A sustentabilidade está em alta, e viver de forma consciente é mais do que uma escolha, é uma obrigação. Pensando nisso, um grupo interdisciplinar com participantes da Universidade de São Paulo (USP) e da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) criou uma residência de energia zero (REZ), ou seja, ela não utiliza nenhuma fonte elétrica para funcionar. A Ekó House foi desenvolvida para participar do Solar Decathlon Europe 2012, uma competição internacional de casas ecológicas que terá participação de 20 universidades de vários países.

Bruna Mayer de Souza, arquiteta e urbanista da UFSC, explica que o termo ekó vem do tupi-guarani e significa “maneira de viver”. “Assim, buscamos desenvolver uma habitação que possibilite a vida em maior harmonia com o meio ambiente”, explica. O projeto conta ainda com a colaboração de pesquisadores da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), do Instituto Federal de Santa Catarina (IFSC) e das universidades federais do Rio de Janeiro (UFRJ) e do Rio Grande do Norte (UFRN).

De acordo com Bruna Mayer, a casa utiliza apenas a energia solar, que é transformada em energia elétrica por painéis fotovoltaicos e em energia térmica por tubos evacuados. “A casa é desenvolvida para ser altamente eficiente, com equipamentos de alta eficácia, estudo das condições climáticas e isolamento térmico de alta eficiência”, explica a arquiteta. Dessa forma, é possível atingir as condições de conforto e desempenhar todas as tarefas com o mínimo de energia necessária.

A coordenadora da pesquisa, a arquiteta e urbanista Thêmis Fagundes, explica que a Ekó House é, antes de tudo, uma casa-conceito, um protótipo 4D de uma investigação em andamento. O que se busca é justamente investigar e discutir a validade dessas hipóteses, e a universalidade e a replicabilidade desses princípios na realidade brasileira, explorando os resultados da experiência no desenvolvimento de uma ampla rede de aprendizagem social com foco num modo de morar mais sustentável. “Assim, não se trata tanto da replicabilidade do protótipo em si, mas do conhecimento gerado a partir desse processo e de sua capacidade de multiplicação, especialmente no campo da arquitetura e da engenharia”, afirma.

Harmonia com o meio ambiente 
Totalmente adaptável às diversas condições climáticas, casa utiliza apenas energia solar. Sistemas e tecnologias utilizados podem ser adotados nos diferentes tipos de construção

Segundo a arquiteta e urbanista de Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) Bruna Mayer de Souza, a casa foi desenvolvida priorizando as condições climáticas de Madri – local da competição –, mas poderia ser implementada com pequenas alterações em diversas regiões do Brasil. “Inclusive, sua estrutura de suporte dos painéis fotovoltaicos tem a angulação ajustável, o que garante uma boa eficiência deles em diferentes latitudes.”

A casa, com aproximadamente 47 metros quadrados (m²), tem cozinha, salas de jantar e de estar, banheiro e quarto. Contudo, o leiaute pode ser modificado. “Sua estrutura em painéis e módulos permite que o espaço seja aumentado com a inserção de módulos. Além disso, a maioria dos sistemas e tecnologias utilizados podem ser adaptados aos mais diferentes tipos de construção”, ressalta a pesquisadora da UFSC.

A coordenadora da pesquisa, a arquiteta e urbanistaThêmis Fagundes descreve o ambiente ekó como uma arquitetura integrada aos ciclos da natureza, especialmente do sol, do ar e da água, mediado por sistemas automatizados de controle de sombreamento nas varandas e aberturas, sistemas passivos de uso de energias renováveis para conforto e bem-estar, e integração de ambientes internos e externos, tudo adaptado a diferentes famílias. Com isso, consegue-se um modo de morar com novos padrões de relacionamento entre o homem e o ambiente natural.

Políticas públicas 

O projeto está ligado a uma iniciativa maior, que é o lançamento das bases de uma indústria nacional de REZ com tecnologia brasileira e adequação às diversas regiões bioclimáticas. De acordo com o coordenador de projeto, José Kós, já existe uma pressão do mercado para a modernização da indústria da construção no Brasil. Há uma pressão da sociedade por edificações mais sustentáveis
Habitação tem equipamentos de alta eficiência, estudo das condições climáticas e isolamento térmico

. “O projeto não pretende lançar as bases para a indústria nacional de REZ, mas contribuir para essa proposta por meio da reunião de parceiros da indústria que têm uma preocupação semelhante e propostas de soluções voltadas para o nosso contexto climático e da produção local”, afirma.

O objetivo do grupo é influenciar na formação de arquitetos e engenheiros, deixando-os mais preparados para a construção de edificações sustentáveis. “Além disso, buscamos conscientizar os profissionais que atuam na construção civil e o público em geral para adotar algumas dessas tecnologias em suas residências e para a necessidade da modificação de alguns dos nossos hábitos.”

Para Fagundes, projetos desse tipo podem contribuir para alavancar políticas públicas voltadas ao desenvolvimento de construções mais sustentáveis que deveriam estar associadas a redes de desenvolvimento social, priorizando a sustentabilidade humana. “Se existe a possibilidade de um maior controle do consumo de energia não renovável e sua distribuição em nossa sociedade contemporânea para além do controle econômico, ele só poderá ocorrer pelo fortalecimento de relações sociais com uma base ética. Envolve também uma mudança no paradigma do desenvolvimento, que priorize nossa condição humana neste planeta”, acredita.

O Brasil é particularmente positivo no cenário global, pois tem uma matriz energética relativamente limpa, ou seja, tem por base energias renováveis, dado o potencial de reservas naturais. Além disso, o padrão de consumo energético no país é baixo, quando comparado às sociedades do Hemisfério Norte, especialmente na América do Norte e na Europa. “Assim, no caso brasileiro não se trata tanto de diminuir o consumo, mas de criar as condições favoráveis para auxiliar a desenvolver processos de educação ambiental que promovam a sustentabilidade humana e não apenas o desenvolvimento exclusivamente econômico”, diz a arquiteta.

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